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Top 10 Orquídeas de Sol Pleno


Orquídea Arundina graminifolia
| Arundina graminifolia |

É comum associarmos as orquídeas a seres que apreciam ambientes úmidos e sombreados, protegidos sob as copas das árvores de florestas tropicais ao redor do globo terrestre. No entanto, esta é uma família botânica bastante diversificada, frequentemente rodeada por mitos. O mais comum deles é o de que orquídeas não gostam de água e, por conseguinte, devem ser regadas com cubos de gelo ou copinhos de café. Outro mito que persegue estas plantas é o de que elas jamais devem ser expostas ao sol direto. No artigo de hoje, vamos desmistificar esta questão, apresentando uma seleção de dez orquídeas de sol pleno.

Surpreendentemente, existem vários gêneros, espécies e híbridos de orquídeas que toleram a exposição direta aos raios solares, mesmo nas horas mais quentes de um dia escaldante de verão. Estas orquídeas de sol pleno comportam-se como plantas comuns de jardim, podendo ser cultivadas em áreas externas, sem maiores problemas. Ainda assim, é perfeitamente possível manter alguns exemplares em casas e apartamentos, desde que o local receba bastante luz solar, preferencialmente de maneira direta. Coberturas, varandas e parapeitos de janelas bem ensolaradas são locais ideais para o cultivo destas orquídeas de sol pleno.


Uma característica interessante deste grupo de orquídeas é que, em sua maioria, podem ser plantadas diretamente na terra, seja em vasos ou canteiros em jardins, quintais e sacadas. Ao contrário de suas primas epífitas mais conhecidas, as orquídeas terrestres são bem rústicas, resistentes e apresentam um cultivo mais tranquilo, com pouquíssima manutenção.

Talvez por esta razão, as orquídeas de sol pleno costumam sofrer um pouco de preconceito, principalmente por parte de alguns colecionadores, que torcem o nariz para estas plantas mais comuns. Ainda assim, curiosamente, estas orquídeas que resistem às intempéries e torram sob os raios solares inclementes são capazes de produzir belíssimas florações, muitas delas similares às queridinhas dos orquidófilos, como as espécies do gênero Cattleya.

É o caso da famosa orquídea bambu, Arundina graminifolia, também conhecida pela sinonímia Arundina bambusifolia, cuja foto é apresentada na abertura deste artigo. Apesar de ser uma típica orquídea de jardim, frequentemente utilizada no paisagismo de áreas externas, e tolerar ambientes expostos ao sol direto, a Arundina produz belíssimas e delicadas flores que lembram uma mini Cattleya. Elas apresentam a arquitetura típica das orquídeas, com três sépalas e três pétalas, ou três sépalas, duas pétalas e um labelo, que nada mais é do que uma pétala modificada.

Orquídea Sobralia híbrida
Sobralia híbrida

Outra orquídea de sol pleno, também terrestre, e de florações grandes e vistosas, é aquela pertencente ao gênero Sobralia. Trata-se de uma planta que produz volumosas touceiras, frequentemente vistas em jardins de condomínios residenciais e comerciais. A orquídea Sobralia é conhecida pelo tamanho avantajado de suas flores, que em muito se assemelham aos grandes híbridos repolhudos do gênero Cattleya. Infelizmente, estas flores, apesar de bastante ornamentais, têm uma duração muito curta, de poucos dia. Ainda assim, a parte vegetativa da planta é muito bonita, desenvolvendo-se de forma rápida e vigorosa.

Orquídea Spathoglottis unguiculata
Spathoglottis unguiculata

Também nesta linha, temos a famosa orquídea grapete, Spathoglottis unguiculata. Além de ser uma orquídea de fácil cultivo, também terrestre, e apresentar um crescimento rápido e vigoroso, esta espécie apresenta o curioso diferencial de produzir flores com um agradável aroma de uva. Muitas são as orquídeas perfumadas, cujos odores nos remetem ao mundo das frutas, especiarias e alimentos. Coincidentemente, as flores da orquídea grapete apresentam um tom magenta, tendendo ao vinho, que combina perfeitamente com o seu perfume de uva.


Ainda no mesmo gênero, temos outra conhecida orquídea de sol pleno, Spathoglottis plicata, cujo porte vegetativo é muito semelhante ao da espécie acima apresentada. A melhor forma de diferenciar estas duas orquídeas é através de suas florações. Enquanto a Spathoglottis unguiculata produz flores na coloração púrpura, a espécie plicata apresenta uma floração em tons mais suaves, tendendo ao rosado. Esta orquídea de sol pleno também pode apresentar belíssimas flores albinas, totalmente brancas. Mesmo quando não estão floridas, ambas as espécies cumprem dignamente seus papéis de plantas ornamentais, graças ao aspecto elegante de suas folhas longas, pontiagudas e plissadas.

Orquídea Epidendrum fulgens
Epidendrum fulgens

Outra clássica orquídea de sol pleno, bastante conhecida e cultivada, é representada pela espécie Epidendrum fulgens e seus inúmeros híbridos. Popularmente conhecida com orquídea da praia ou orquídea de chão, esta é outra planta que pode ser cultivada sob os mais intensos raios solares, sem sofrer queimaduras em suas folhas. Esta orquídea é tão resistente que sobrevive ao solo arenoso do litoral, com elevados níveis de salinidade. Ainda que possa ser plantada diretamente na terra, em canteiros nos quintais e jardins, esta orquídea de sol pleno também aceita substratos próprios pra plantas epífitas, já que suas raízes são capazes de se adaptar a diferentes substratos, em seu habitat de origem.

Mini Orquídea Epidendrum
Mini Epidendrum

Ainda dentro do gênero Epidendrum, e seguindo uma tendência de miniaturização de diversos gêneros e espécies de plantas, temos a versão miniaturizada desta orquídea de sol pleno, conhecida como mini Epidendrum. Ao contrário do Epidendrum fulgens, acima apresentado, cujas touceiras podem ultrapassar os dois metros de altura, esta variedade de menor porte costuma ficar abaixo dos 50 cm de altura, sendo ideal para o cultivo em casas e apartamentos. Geralmente, são indivíduos híbridos, resultantes de um processo de seleção e melhoramento genético, envolvendo diversas espécies de Epidendrum, sempre com o foco em produzir indivíduos de menor porte, que sejam capazes de florescer em ambientes internos.


As orquídeas do gênero Cymbidium também são excelentes exemplos de espécies e híbridos que toleram o sol direto. Aqui no Brasil, este gênero de orquídea asiática costuma ter problemas para produzir suas florações, uma vez que está habituada a regiões de climas mais frios, em altitudes mais elevadas. Por esta razão, embora muitos tentem burlar este empecilho colocando gelo no vaso, esta orquídea de sol pleno dificilmente irá florescer no litoral ou nas regiões norte e nordeste, por exemplo.

Orquídea Cymbidium híbrida
Cymbidium híbrido

Como são incrivelmente comuns nas floriculturas, feiras e supermercados, estas orquídeas costumam ser adquiridas por muitos consumidores desavisados, que tentam, em vão, fazer com que seus exemplares floresçam novamente, sem sucesso. Aqui na cidade de São Paulo, onde cultivei meus exemplares por muitos anos, em uma sacada ensolarada face oeste, o Cymbidium floresce bem, sem que maiores artifícios sejam necessários. Esta orquídea de sol pleno precisa sentir uma significativa queda de temperatura, na transição entre o final do verão e o outono, para que possa produzir flores durante sua estação típica, o inverno. Ainda assim, devido à natureza híbrida dos exemplares vendidos no Brasil, é comum sermos surpreendidos com florações de Cymbidium totalmente fora de época.

Orquídea Vanda híbrida
Vanda híbrida

A orquídea Vanda é outra conhecida por exigir elevados níveis de luminosidade em seu ambiente de cultivo. Apenas para termos uma ideia comparativa, a clássica orquídea de sombra, do gênero Paphiopedilum, famosa orquídea sapatinho, necessita de níveis em torno de 900 f.c. (foot candles, antiga medida inglesa de luminosidade). Já a orquídea Vanda, por sua vez, requer níveis que chegam a um valor quase dez vezes superior, 8.000 f.c. Esta é uma situação próxima à do sol pleno. No entanto, como precaução, a maioria das orquídeas do gênero Vanda é cultivada sob a proteção de uma tela de sombreamento, para que o sol direto não cause queimaduras em suas folhas, durante as horas mais quentes do dia. Uma espécie de vandácea que suporta bem o sol pleno é a Vanda teres, hoje chamada de Papilionanthe teres.

Embora não seja frequentemente lembrada como uma orquídea de sol pleno, a clássica orquídea olhos de boneca, representada por híbridos do Dendrobium nobile, costuma apresentar uma grande resistência aos raios solares diretos. Mais do que isso, estas orquídea depende de uma boa luminosidade para que possa florescer abundantemente, no início da primavera.

Orquídea Dendrobium híbrida
Dendrobium híbrido

Ainda que suas folhas sofram algum tipo de queimadura, elas fatalmente irão amarelar e cair, já que este é um fenômeno normal para esta orquídea de sol pleno, que floresce ao longo de seus pseudobulbos em forma de cana, totalmente desprovidos de folhas.


É importante ter em mente que cada espécie ou híbrido do gênero Dendrobium apresenta uma tolerância própria ao sol direto. Assim como acontece com a Vanda, alguns representantes de Dendrobium podem precisar de uma tela de sombreamento, principalmente em regiões de clima muito quente e seco. Os níveis de umidade relativa do ar no ambiente de cultivo, que devem sempre ficar acima de 60%, são cruciais para garantir que a orquídea suporte melhor a incidência direta dos raios solares.

Orquídea Laelia lucasiana
Laelia lucasiana

Por fim, em nossa seleção de orquídeas de sol pleno, não poderíamos deixar de elencar as orquídeas rupícolas, aqui representadas pela Laelia lucasiana, que também atende por uma porção de outros nomes científicos. Em seu habitat de origem, estas orquídeas, geralmente pertencentes ao gênero Laelia, vivem sobre as rochas, em ambientes bastante áridos, sob sol pleno. Suas raízes retiram a umidade das fendas entre as pedras, local onde também se acumulam resíduos orgânicos que servem como nutrientes à orquídea.

Obviamente, temos vários outros exemplos de orquídeas de sol pleno. Nesta lista, priorizei os exemplares que já passaram aqui pelo apartamento. Apesar do tamanho avantajado de algumas espécies, tenho uma grande admiração por estas plantas resistentes, que requerem pouca manutenção e ainda produzem belíssimas florações. Mais informações sobre cada uma das espécies mencionadas podem ser obtidas através dos seus respectivos links, ao longo deste artigo.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil