| Arundina graminifolia | |
É comum associarmos as
orquídeas
a seres que apreciam ambientes úmidos e sombreados, protegidos sob as copas
das árvores de florestas tropicais ao redor do globo terrestre. No entanto,
esta é uma família botânica bastante diversificada, frequentemente rodeada
por
mitos. O mais comum deles é o de que orquídeas não gostam de
água
e, por conseguinte, devem ser regadas com cubos de
gelo
ou copinhos de café. Outro mito que persegue estas plantas é o de que elas
jamais devem ser expostas ao sol direto. No artigo de hoje, vamos
desmistificar esta questão, apresentando uma seleção de dez orquídeas de sol
pleno.
Surpreendentemente, existem vários gêneros, espécies e híbridos de orquídeas
que toleram a exposição direta aos raios solares, mesmo nas horas mais
quentes de um dia escaldante de verão. Estas orquídeas de sol pleno
comportam-se como plantas comuns de jardim, podendo ser cultivadas em áreas
externas, sem maiores problemas. Ainda assim, é perfeitamente possível
manter alguns exemplares em casas e apartamentos, desde que o local receba
bastante luz solar, preferencialmente de maneira direta. Coberturas,
varandas e parapeitos de janelas bem ensolaradas são locais ideais para o
cultivo destas orquídeas de sol pleno.
Uma característica interessante deste grupo de orquídeas é que, em sua
maioria, podem ser plantadas diretamente na terra, seja em vasos ou
canteiros em jardins, quintais e sacadas. Ao contrário de suas primas
epífitas mais conhecidas, as
orquídeas terrestres
são bem rústicas, resistentes e apresentam um cultivo mais tranquilo, com
pouquíssima manutenção.
Talvez por esta razão, as orquídeas de sol pleno costumam sofrer um pouco de preconceito, principalmente por parte de alguns colecionadores, que torcem o nariz para estas plantas mais comuns. Ainda assim, curiosamente, estas orquídeas que resistem às intempéries e torram sob os raios solares inclementes são capazes de produzir belíssimas florações, muitas delas similares às queridinhas dos orquidófilos, como as espécies do gênero Cattleya.
É o caso da famosa orquídea bambu, Arundina graminifolia, também conhecida pela sinonímia Arundina bambusifolia, cuja foto é apresentada na abertura deste artigo. Apesar de ser uma típica orquídea de jardim, frequentemente utilizada no paisagismo de áreas externas, e tolerar ambientes expostos ao sol direto, a Arundina produz belíssimas e delicadas flores que lembram uma mini Cattleya. Elas apresentam a arquitetura típica das orquídeas, com três sépalas e três pétalas, ou três sépalas, duas pétalas e um labelo, que nada mais é do que uma pétala modificada.
Talvez por esta razão, as orquídeas de sol pleno costumam sofrer um pouco de preconceito, principalmente por parte de alguns colecionadores, que torcem o nariz para estas plantas mais comuns. Ainda assim, curiosamente, estas orquídeas que resistem às intempéries e torram sob os raios solares inclementes são capazes de produzir belíssimas florações, muitas delas similares às queridinhas dos orquidófilos, como as espécies do gênero Cattleya.
É o caso da famosa orquídea bambu, Arundina graminifolia, também conhecida pela sinonímia Arundina bambusifolia, cuja foto é apresentada na abertura deste artigo. Apesar de ser uma típica orquídea de jardim, frequentemente utilizada no paisagismo de áreas externas, e tolerar ambientes expostos ao sol direto, a Arundina produz belíssimas e delicadas flores que lembram uma mini Cattleya. Elas apresentam a arquitetura típica das orquídeas, com três sépalas e três pétalas, ou três sépalas, duas pétalas e um labelo, que nada mais é do que uma pétala modificada.
Sobralia híbrida |
Outra orquídea de sol pleno, também terrestre, e de florações grandes e
vistosas, é aquela pertencente ao gênero
Sobralia. Trata-se de uma planta que produz volumosas touceiras, frequentemente
vistas em jardins de condomínios residenciais e comerciais. A orquídea
Sobralia é conhecida pelo tamanho avantajado de suas flores, que em
muito se assemelham aos grandes híbridos repolhudos do gênero
Cattleya. Infelizmente, estas flores, apesar de bastante ornamentais,
têm uma duração muito curta, de poucos dia. Ainda assim, a parte vegetativa
da planta é muito bonita, desenvolvendo-se de forma rápida e vigorosa.
Spathoglottis unguiculata |
Também nesta linha, temos a famosa
orquídea grapete,
Spathoglottis unguiculata. Além de ser uma orquídea de fácil cultivo, também terrestre, e apresentar
um crescimento rápido e vigoroso, esta espécie apresenta o curioso
diferencial de produzir flores com um agradável aroma de uva. Muitas são as
orquídeas perfumadas, cujos odores nos remetem ao mundo das frutas, especiarias e alimentos.
Coincidentemente, as flores da orquídea grapete apresentam um tom magenta,
tendendo ao vinho, que combina perfeitamente com o seu perfume de uva.
Ainda no mesmo gênero, temos outra conhecida orquídea de sol pleno,
Spathoglottis plicata, cujo porte vegetativo é muito semelhante ao da
espécie acima apresentada. A melhor forma de diferenciar estas duas
orquídeas é através de suas florações. Enquanto a
Spathoglottis unguiculata produz flores na coloração púrpura, a
espécie plicata apresenta uma floração em tons mais suaves, tendendo
ao rosado. Esta orquídea de sol pleno também pode apresentar belíssimas
flores albinas, totalmente brancas. Mesmo quando não estão floridas, ambas
as espécies cumprem dignamente seus papéis de plantas ornamentais, graças ao
aspecto elegante de suas folhas longas, pontiagudas e plissadas.
Epidendrum fulgens |
Outra clássica orquídea de sol pleno, bastante conhecida e cultivada, é
representada pela espécie
Epidendrum fulgens
e seus inúmeros híbridos. Popularmente conhecida com
orquídea da praia
ou orquídea de chão, esta é outra planta que pode ser cultivada sob os mais
intensos raios solares, sem sofrer queimaduras em suas folhas. Esta orquídea
é tão resistente que sobrevive ao solo arenoso do litoral, com elevados
níveis de salinidade. Ainda que possa ser plantada diretamente na terra, em
canteiros nos quintais e jardins, esta orquídea de sol pleno também aceita
substratos próprios pra plantas epífitas, já que suas raízes são capazes de
se adaptar a diferentes substratos, em seu habitat de origem.
Mini Epidendrum |
Ainda dentro do gênero Epidendrum, e seguindo uma tendência de
miniaturização de diversos gêneros e espécies de plantas, temos a versão
miniaturizada desta orquídea de sol pleno, conhecida como mini
Epidendrum. Ao contrário do Epidendrum fulgens, acima
apresentado, cujas touceiras podem ultrapassar os dois metros de altura,
esta variedade de menor porte costuma ficar abaixo dos 50 cm de altura,
sendo ideal para o cultivo em casas e apartamentos. Geralmente, são
indivíduos híbridos, resultantes de um processo de seleção e melhoramento
genético, envolvendo diversas espécies de Epidendrum, sempre com o
foco em produzir indivíduos de menor porte, que sejam capazes de florescer
em ambientes internos.
As orquídeas do gênero
Cymbidium
também são excelentes exemplos de espécies e híbridos que toleram o sol
direto. Aqui no Brasil, este gênero de orquídea asiática costuma ter
problemas para produzir suas florações, uma vez que está habituada a
regiões de climas mais frios, em altitudes mais elevadas. Por esta razão,
embora muitos tentem burlar este empecilho colocando gelo no vaso, esta
orquídea de sol pleno dificilmente irá florescer no litoral ou nas regiões
norte e nordeste, por exemplo.
Cymbidium híbrido |
Como são incrivelmente comuns nas floriculturas, feiras e supermercados,
estas orquídeas costumam ser adquiridas por muitos consumidores
desavisados, que tentam, em vão, fazer com que seus exemplares floresçam
novamente, sem sucesso. Aqui na cidade de São Paulo, onde cultivei meus
exemplares por muitos anos, em uma sacada ensolarada face oeste, o
Cymbidium floresce bem, sem que maiores artifícios sejam
necessários. Esta orquídea de sol pleno precisa sentir uma significativa
queda de temperatura, na transição entre o final do verão e o outono,
para que possa produzir flores durante sua estação típica, o inverno.
Ainda assim, devido à natureza híbrida dos exemplares vendidos no
Brasil, é comum sermos surpreendidos com florações de
Cymbidium totalmente fora de época.
Vanda híbrida |
A orquídea
Vanda
é outra conhecida por exigir elevados níveis de luminosidade em seu
ambiente de cultivo. Apenas para termos uma ideia comparativa, a
clássica
orquídea de sombra, do gênero
Paphiopedilum, famosa orquídea sapatinho, necessita de níveis em torno de 900 f.c. (foot candles, antiga
medida inglesa de luminosidade). Já a orquídea Vanda, por sua
vez, requer níveis que chegam a um valor quase dez vezes superior, 8.000
f.c. Esta é uma situação próxima à do sol pleno. No entanto, como
precaução, a maioria das orquídeas do gênero Vanda é cultivada
sob a proteção de uma tela de sombreamento, para que o sol direto não
cause queimaduras em suas folhas, durante as horas mais quentes do dia.
Uma espécie de vandácea que suporta bem o sol pleno é a
Vanda teres, hoje chamada de Papilionanthe teres.
Embora não seja frequentemente lembrada como uma orquídea de sol pleno,
a clássica orquídea
olhos de boneca, representada por híbridos do
Dendrobium nobile, costuma apresentar uma grande resistência aos raios solares diretos.
Mais do que isso, estas orquídea depende de uma boa luminosidade para
que possa florescer abundantemente, no início da primavera.
Dendrobium híbrido |
Ainda que suas folhas sofram algum tipo de queimadura, elas fatalmente
irão amarelar e cair, já que este é um fenômeno normal para esta
orquídea de sol pleno, que floresce ao longo de seus pseudobulbos em
forma de cana, totalmente desprovidos de folhas.
É importante ter em mente que cada espécie ou híbrido do gênero
Dendrobium
apresenta uma tolerância própria ao sol direto. Assim como acontece
com a Vanda, alguns representantes de Dendrobium podem
precisar de uma tela de sombreamento, principalmente em regiões de
clima muito quente e seco. Os níveis de umidade relativa do ar no
ambiente de cultivo, que devem sempre ficar acima de 60%, são cruciais
para garantir que a orquídea suporte melhor a incidência direta dos
raios solares.
Laelia lucasiana |
Por fim, em nossa seleção de orquídeas de sol pleno, não poderíamos
deixar de elencar as
orquídeas rupícolas, aqui representadas pela Laelia lucasiana, que também atende
por uma porção de outros nomes científicos. Em seu habitat de origem,
estas orquídeas, geralmente pertencentes ao gênero
Laelia, vivem sobre as rochas, em ambientes bastante áridos, sob sol pleno.
Suas raízes retiram a umidade das fendas entre as pedras, local onde
também se acumulam resíduos orgânicos que servem como nutrientes à
orquídea.
Obviamente, temos vários outros exemplos de orquídeas de sol pleno.
Nesta lista, priorizei os exemplares que já passaram aqui pelo
apartamento. Apesar do tamanho avantajado de algumas espécies, tenho
uma grande admiração por estas plantas resistentes, que requerem pouca
manutenção e ainda produzem belíssimas florações. Mais informações
sobre cada uma das espécies mencionadas podem ser obtidas através dos
seus respectivos links, ao longo deste artigo.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil