| Epidendrum peperomia | |
Embora todas as
orquídeas
necessitem de nutrientes para que seu crescimento, floração e multiplicação
ocorram de forma adequada, existem particularidades quanto às melhores formas
de adubar orquídeas, que podem variar conforme o estágio de desenvolvimento e
o local em que estas plantas são cultivadas. Devido à imensa variedade de
fertilizantes disponíveis no mercado, muitos formulados exclusivamente para a
nutrição de
orquídeas, torna-se importante compreender melhor a finalidade de cada composição, bem
como avaliar quais benefícios um adubo para orquídeas pode nos oferecer.
Existem métodos que são mais apropriados a cada ambiente de cultivo e,
inclusive, a cada estilo de vida dos diferentes cultivadores.
Quando integradas à natureza, aderidas aos troncos das
árvores, no solo de florestas úmidas ou nas pedras das montanhas, as
orquídeas
conseguem obter todos os nutrientes de que necessitam através dos elementos
que as cercam: detritos e dejetos de animais, vegetais, o ar, o orvalho e a
água da chuva. Por este motivo, orquídeas cultivadas nos troncos de árvores
vivas, estejam elas em meio à Mata Atlântica ou na calçada em frente a um
condomínio, não precisam ser regadas nem adubadas. Nestes casos, o melhor
adubo para orquídeas é fornecido pela própria natureza.
Ao retirarmos estas orquídeas de seu habitat, introduzindo-as em um ambiente
doméstico e, muitas vezes, urbano, torna-se necessário fornecer estas
substâncias nutritivas de forma artificial. Como seres fotossintetizantes, as
orquídeas não necessitam de alimento. O crescimento de seus tecidos vegetais
ocorre através da fixação do gás carbônico presente no ar, mediante a ação da
luz solar. No entanto, todos os processos bioquímicos da planta ocorrem
mediante a presença de macro e microelementos essenciais à vida vegetal. Estes
nutrientes precisam ser fornecidos através da adubação das orquídeas, nos
casos em que as plantas encontrem-se longe de seu ambiente natural.
Aqui começa a saga de todo orquidófilo. Existe uma variedade quase infinita de opções para adubar nossas orquídeas. São fórmulas específicas para mudas, outras para induzir a floração e aquelas destinadas à manutenção das plantas. Além disso, este adubo para orquídea pode ser de natureza orgânica, inorgânica, sólida, líquida ou em pó. Também há pastilhas de liberação lenta e outras tecnologias mais sofisticadas. Diante de tantas opções, como adubar orquídeas da maneira mais correta e eficiente?
Aqui começa a saga de todo orquidófilo. Existe uma variedade quase infinita de opções para adubar nossas orquídeas. São fórmulas específicas para mudas, outras para induzir a floração e aquelas destinadas à manutenção das plantas. Além disso, este adubo para orquídea pode ser de natureza orgânica, inorgânica, sólida, líquida ou em pó. Também há pastilhas de liberação lenta e outras tecnologias mais sofisticadas. Diante de tantas opções, como adubar orquídeas da maneira mais correta e eficiente?
A seguir, damos um panorama das principais opções em termos de adubação para
orquídeas, focando no ambiente mais artificial possível, o apartamento. Claro
que são dicas e informações aplicáveis a qualquer outro local de cultivo,
guardadas algumas peculiaridades que veremos a seguir. Também comentaremos
sobre as peculiaridades de cada adubo para orquídea, suas vantagens e
desvantagens.
Adubação orgânica
Tecnicamente falando, a substância orgânica é aquela composta por átomos de
carbono e que tenha sido produzida por seres vivos. Neste sentido, todo adubo
orgânico é produzido a partir de elementos associados a alguma forma de vida,
vegetal ou animal. Temos farinha de osso, torta de mamona, cascas de ovos,
melaço de cana-de-açúcar, resíduos de peixes, extrato de algas marinhas, etc.
Cada produto tem suas peculiaridades e nem todos são recomendados para adubar
orquídeas.
É importante salientar que muitos adubos orgânicos comumente utilizados na
agricultura familiar não costumam ser aplicados às orquídeas, tais como restos
de verduras e legumes (compostagem), esterco, húmus de minhoca, etc. Como são
substâncias geralmente aplicadas à terra, seriam mais apropriadas para adubar
orquídeas que podem ser cultivadas neste meio, que são as
orquídeas terrestres. Por outro lado, existem orquidófilos que utilizam até urina de cavalo em
formulações de adubos para todos os tipos de orquídeas. A explicação por trás
deste procedimento é que a ureia é fonte de nitrogênio para as plantas. Outra
substância orgânica bastante comum no cultivo de orquídeas é a casca de ovo
triturada. Neste caso, a alegação é que o pó resultante fornece cálcio. Isto é
verdade, mas o elemento químico também pode ser obtido a partir de outras
fontes. Nem tudo que é natural é bom para ser usado como adubo para
orquídeas.
Particularmente, eu costumo evitar a utilização destas adubações mais
exóticas, tais como água da lavagem do arroz, borra de café, aspirina,
anticoncepcional, vitamina B, glutamato monossódico e outras coisas mais. Sim,
existe quem advoque o uso de tais substâncias para adubar orquídeas. Confesso
que já experimentei algumas delas, mas não obtive resultados visíveis ou
mensuráveis. Acho uma prática incerta, que carece de estudos científicos que
comprovem sua eficiência. Pior ainda é a comercialização de produtos
importados caríssimos, que apresentam fórmulas secretas, que prometem milagres
no cultivo de orquídeas.
Mas é sempre uma questão de escolha pessoal, não há uma verdade única quando se trata de adubar orquídeas. O mais importante é a conveniência e a regularidade na aplicação. Também é importante entender os perigos do excesso na adubação de orquídeas. Na natureza, elas se desenvolvem e florescem muito bem com uma oferta muito limitada de nutrientes. É importante adubar as orquídeas tendo este panorama em mente.
Mas é sempre uma questão de escolha pessoal, não há uma verdade única quando se trata de adubar orquídeas. O mais importante é a conveniência e a regularidade na aplicação. Também é importante entender os perigos do excesso na adubação de orquídeas. Na natureza, elas se desenvolvem e florescem muito bem com uma oferta muito limitada de nutrientes. É importante adubar as orquídeas tendo este panorama em mente.
Em comum, todos estes ingredientes orgânicos necessitam de um passo essencial
para liberar os nutrientes às orquídeas: a decomposição. É somente através da
ação de fungos e bactérias, que degradam a matéria prima original, que os
macro e micronutrientes essenciais ao desenvolvimento das orquídeas são
produzidos e fornecidos às raízes da planta.
Infelizmente, é justamente esta etapa que gera um problema aos que
cultivam orquídeas em apartamento. Toda decomposição provoca a liberação de gases e odores, que podem ser
desagradáveis aos que estão muito próximos. Além disso, estes compostos
costumam atrair insetos dos mais variados tipos. Em casas e apartamentos, onde
as orquídeas ficam muito próximas às áreas de circulação de pessoas, o uso de
adubos orgânicos pode trazer algumas inconveniências. Não importa o material,
o adubo orgânico sempre vai apodrecer e fungar. Isso faz parte do seu
mecanismo de ação. É importante ter isto em mente na hora de escolher o melhor
adubo para nossas orquídeas.
Cymbidium |
Adubação química
Este não é um termo muito apropriado, já que tudo o que conhecemos é composto
por substâncias químicas. Adubos orgânicos, como bokashi ou húmus de
minhoca, apesar de serem produzido por seres vivos, também são constituídos
por elementos químicos. Tanto que existe a química orgânica. O termo correto
seria 'adubação inorgânica'. Adubos inorgânicos industrializados são
frequentemente obtidos a partir de uma mistura de diferentes minerais
extraídos do solo.
Outro termo bastante utilizado, este mais polêmico, é 'adubação foliar'.
Embora estes adubos sejam vendidos com este nome, em alusão à forma de
aplicação, através do borrifar do produto sobre as folhas das orquídeas,
sabe-se que a absorção de nutrientes ocorre prioritariamente através das
raízes. A função primordial das folhas é a realização de fotossíntese.
Portanto, a concepção de se adubar orquídeas através das folhas não é correta,
assim como o termo adubo foliar não é apropriado.
Detalhes técnicos à parte, o adubo químico ou inorgânico fornece às orquídeas,
de forma prática e rápida, todos os macro e micronutrientes necessários ao seu
desenvolvimento. Este é um adubo prático e eficiente para as orquídeas. O
produto pode ser vendido em pó ou em solução, através de um líquido
concentrado. Também há cápsulas e pastilhas que liberam os fertilizantes de
maneira controlada, ao longo do tempo. No caso das versões líquidas ou em pó,
uma vez diluídas ou dissolvidas em água, o adubo está pronto para ser aplicado
sobre as orquídeas. Para melhor absorção, a prioridade são as raízes. Mas não
há mal algum em borrifar as folhas. Neste caso, a parte de baixo costuma ter
mais estruturas (estômatos) que facilitam a entrada dos nutrientes.
Quem optar por este método de adubação precisa ficar atento ao acúmulo de sais minerais no substrato. É comum que orquídeas adubadas com fertilizantes do tipo NPK acabem ficando com as raízes queimadas, devido ao excesso nos níveis de salinidade. Para evitar que isso aconteça, basta realizar uma generosa rega, mais caprichada, debaixo da mangueira ou do chuveirinho do banheiro, de modo que a água escoe bem por baixo do vaso. Este procedimento pode ser feito a cada quinze dias ou mensalmente.
Adubos mistos
Há ainda os fertilizantes organominerais, que associam compostos orgânicos a
uma mistura balanceada de sais minerais, capazes de, em conjunto, prover as
orquídeas de todas as substâncias necessárias ao seu crescimento, floração e
multiplicação.
São considerados macronutrientes os três elementos essenciais ao
desenvolvimento de todo vegetal, requeridos em maior quantidade: N
(nitrogênio), P (fósforo) e K (potássio). Por isso, os adubos químicos são
comumente chamados de NPK.
Igualmente importantes, os micronutrientes são necessários em doses bem
menores: B (boro), Cl (cloro), Cu (cobre), Fe (ferro), Mn (manganês), Mo
(molibdênio), Co (cobalto), Ni (níquel) e Zn (zinco).
Por fim, existem elementos que, embora não se encontrem presentes em todas as
formulações de adubos para orquídeas, são igualmente importantes para a saúde
e desenvolvimento destas plantas: S (enxofre), Ca (cálcio) e Mg (magnésio).
Muitas destas substâncias já são naturalmente encontradas na água, sendo que
sua composição vai depender bastante da origem e da qualidade do fornecimento.
Nos EUA, há fertilizantes com formulações específicas para água destilada, de
chuva, dura, etc. Infelizmente, os adubos nacionais não trazem este tipo de
especificação. O ideal é sempre utilizar a água da chuva ou uma água de
torneira que tenha descansado uma noite, na hora de adubar as orquídeas, para
permitir a evaporação do excesso de cloro, que pode ser prejudicial a algumas
espécies mais sensíveis.
Epidendrum peperomia |
Como adubar orquídeas
Existem alguns cuidados que devem ser tomados na hora de aplicar o adubo em
nossas orquídeas. Alguns fertilizantes orgânicos podem queimar as raízes, caso
entrem em contato direto com estas estruturas delicadas. Neste caso, o
aconselhado é que se coloque o produto na beirada do vaso, distante das
raízes. Bokashi, farinha de osso e torta de mamona costumam ser
aplicados desta forma. São adubos orgânicos bastante utilizados no cultivo de
orquídeas, muito embora não sejam meus preferidos.
No caso de orquídeas cultivadas em placas de madeira ou cascas de árvores, o
ideal é que o adubo orgânico seja colocado em sachês (de tule, por exemplo).
Assim, durante as regas, os nutrientes vão sendo gradativamente liberados.
Confesso que tenho minhas desconfianças quanto a este método de adubar
orquídeas. Acho que é pouco eficiente, há muitas perdas, e é muito difícil
mensurar sua eficiência. Dentre as opções de adubo para orquídeas, acho esta a
pior.
Particularmente, eu apenas utilizo adubos inorgânicos ou 'químicos', do tipo
NPK com macro e micronutrientes. Não me prendo a uma marca específica, apenas
fico atento ao rótulo e à composição das formulações. Também dou preferência
àqueles adubos que encontro mais facilmente no mercado. Existem ótimos adubos
para orquídeas disponíveis em garden centers e lojas especializadas,
especificamente desenhados para a nutrição destas plantas. No caso deste tipo
de adubo, o importante é direcionar o jato de água em direção às raízes,
evitando borrifar o produto sobre flores e botões florais. Os minerais
presentes no adubo podem causar manchas nestas estruturas florais.
Além do adubo em pó ou líquido, existem formulações em grânulos ou esferas que
liberam lentamente os nutrientes ao longo de vários meses. A aplicação é
bastante prática e bem menos frequente. O intervalo de adubação, neste caso,
varia conforme o produto e a tecnologia utilizada. Eu evito este método porque
costumo regar minhas orquídeas na banheira, com o chuveirinho. Neste caso,
todo o adubo seria perdido rapidamente.
Como uma regra geral, os adubos destinados à manutenção das orquídeas possuem
níveis proporcionais de nitrogênio, fósforo e potássio. São as famosas
formulações 10-10-10 ou 20-20-20. Os adubos para
mudas
ou plantas jovens, com fórmulas para estimular o crescimento, são mais ricos
em nitrogênio (30-10-10). Já as formulações destinadas a promover a floração
contêm o elemento fósforo em maior concentração (10-30-10). Estes valores
numéricos costumam variar bastante, de uma marca para outra. O importante é
que as proporções quantitativas sejam mantidas, neste tipo de adubo para
orquídeas.
Quando adubar as orquídeas
O melhor horário para adubar orquídeas é quando o sol estiver ameno. Pode ser
no começo da manhã ou no final da tarde. De modo geral, convém evitar regar,
adubar ou aplicar defensivos químicos nas orquídeas durante as horas mais
quentes do dia, quando o sol está muito forte. Eu prefiro no final da tarde,
pois não há risco de uma incidência solar logo após a aplicação. Neste
sentido, a questão de quando adubar as orquídeas é tão importante quanto a de
como adubar orquídeas.
Caso as orquídeas estejam em local descoberto, é importante ficar atento à meteorologia e aplicar o fertilizante quando não há previsão de chuvas, para evitar desperdícios. Também não faz sentido regar as plantas logo após adubar as orquídeas. Dependendo da natureza química do adubo para orquídeas, bem como de seu estado físico, muito é perdido por ocasião das regas ou de uma chuva forte.
Caso as orquídeas estejam em local descoberto, é importante ficar atento à meteorologia e aplicar o fertilizante quando não há previsão de chuvas, para evitar desperdícios. Também não faz sentido regar as plantas logo após adubar as orquídeas. Dependendo da natureza química do adubo para orquídeas, bem como de seu estado físico, muito é perdido por ocasião das regas ou de uma chuva forte.
A frequência da adubação vai depender do tipo e estado físico dos nutrientes.
Caso seja um adubo orgânico sólido, a aplicação costuma ser bem esparsa, a
cada três meses ou mais. Este intervalo também vale para os adubos químicos em
forma de grânulos ou esferas de liberação lenta. Em todos os casos, é sempre
importante seguir as recomendações do fornecedor.
A adubação chamada de foliar, sob a forma líquida, pode ser aplicada semanal
ou quinzenalmente. Eu costumo aplicar todas as semanas, com uma concentração
na metade da dose indicada pelo fabricante. É sempre importante tomar cuidado
para não aplicar fertilizantes em excesso. O acúmulo de sais no substrato é
mais prejudicial do que a falta da adubação. É importante lembrarmos que, na
natureza, as orquídeas recebem nutrientes em pequenas quantidades.
Excepcionalmente, as orquídeas do gênero
Vanda
podem receber doses quase que diárias de adubo, já que vivem com as raízes
nuas, sem substrato, e pouca coisa fica retida. No entanto, como uma regra
geral, é sempre aconselhável adubar as orquídeas de maneira mais homeopáticas,
com doses menores e mais frequentes.
Por fim, a verdade é que cada um acaba se identificando com um esquema
particular de adubação, observando a resposta de suas orquídeas. Quanto o
assunto é adubar orquídeas, nada é definitivo, não há verdade absoluta. O
único consenso é que as orquídeas necessitam de muito pouco para crescerem de
forma saudável. O excesso sempre será mais prejudicial do que a falta.
Para conhecer esquemas específicos de adubação empregados por orquidófilos
experientes, vale a pena ler algumas das
entrevistas
publicadas aqui no blog.
Outras informações, mais especificamente sobre outros aspectos do cultivo de
orquídeas em interiores, podem ser encontradas neste
artigo.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil