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Orquídea Grapete - Spathoglottis unguiculata


Orquídea Spathoglottis unguiculata
| Spathoglottis unguiculata |

Confesso que, ao ouvir o apelido desta orquídea pela primeira vez, fiquei sem saber o motivo por trás de tal nome popular. Nunca havia ouvido o termo grapete, anteriormente. Tudo o que eu sabia, claro, era que esta espécie, Spathoglottis unguiculata, referia-se à famosa orquídea cujas flores exalam um característico cheiro de uva. Somente tempos depois, descobri que a expressão orquídea grapete originou-se a partir do nome de um antigo refrigerante, com sabor de uva, análogo àquele mais conhecido, que também existe em uma versão de laranja.

Orquídeas perfumadas sempre foram meu sonho de consumo. Durante muito tempo, fui montando uma coleção apenas baseando-me nos diferentes aromas exalados pelas mais curiosas espécies e híbridos, tais como a famosa orquídea chocolate, Oncidium Sharry Baby 'Sweet Fragrance', a orquídea com cheiro de coco queimado, Maxillaria tenuifolia, as orquídeas com perfume de limão, Gomesa crispa e Gomesa recurva, bem como aquela cujo aroma adocicado lembra o mel, Oncidium pumilum.


A orquídea grapete pertence ao gênero botânico Spathoglottis, primeiramente descrito em 1825, pelo botânico alemão Carl Ludwig Blume. As cerca de 50 espécies distribuem-se por uma vasta região da porção oriental do globo terrestre. A maioria dos representantes concentra-se em países do sudeste asiático, havendo também ocorrências em algumas ilhas do Pacífico e na Austrália. As duas espécies mais cultivadas, aqui no Brasil, são a Spathoglottis unguiculata, cujo nome popular é orquídea grapete, e Spathoglottis plicata, cujas flores apresentam uma coloração mais clara, rosada, podendo também haver variedades albinas, com flores brancas. Mais difícil de ser encontrada, a Spathoglottis com flores amarelas é belíssima.

Ao contrário das clássicas orquídeas epífitas, dos gêneros Cattleya, Laelia e Sophronitis, por exemplo, que vivem com suas raízes expostas, aderidas aos troncos das árvores, a orquídea grapete é terrestre, sendo comumente plantada no solo, como uma planta de jardim. É o mesmo caso da famosa orquídea bambu, Arundina graminifolia. Ambas as orquídeas são bastante utilizadas no paisagismo de áreas externas, sob sol pleno, em empreendimentos comerciais e condomínios residenciais.

Isto ocorre porque as folhas da Spathoglottis unguiculata são bastante ornamentais, longas, arqueadas e plissadas, formando volumosas touceiras. As famosas flores com cheiro de uva, produzidas pela orquídea grapete, surgem no ápice de compridas hastes florais, sob a forma de inflorescências de longa duração, que se destacam acima da folhagem. É interessante notar que os botões florais vão desabrochando de forma sequencial. À medida que as flores mais antigas murcham e secam, novos botões são produzidos a partir da frente de crescimento da haste, de modo que esta estrutura pode passar meses florescendo.


Além disso, a orquídea grapete pode produzir flores ao longo de todo o ano. Os picos de floração ocorrem nos meses mais quentes, durante a primavera e verão. Em regiões com invernos mais rigorosos, a Spathoglottis unguiculata pode entrar em um breve período de dormência. Por ser originária de regiões de clima tropical, a orquídea grapete não se dá bem com baixas temperaturas, nem com geadas.

Esta é uma orquídea que se desenvolve sob luminosidade intensa, inclusive sol direto. No entanto, em regiões de clima muito quente e seco, é aconselhável proteger a orquídea grapete do sol do meio dia, durante o verão. O ideal, neste caso, é utilizar uma tela de sombreamento, capaz de filtrar 50% dos raios solares. Esta é uma medida que evita a ocorrência de queimaduras nas folhas da Spathoglottis unguiculata. Em regiões onde as temperaturas são mais amenas, a orquídea grapete pode ser cultivada sob sol pleno, o ano todo.

Dentro de casas e apartamentos, é mais difícil fornecer a luminosidade necessária para que esta orquídea floresça. Além disso, como se trata de uma planta de grande porte, nem sempre há espaço disponível para seu cultivo adequado, que exige vasos de grandes dimensões, dependendo do tamanho da touceira.

Contudo, em coberturas e varandas ensolaradas, principalmente em apartamentos face norte, a orquídea grapete pode se desenvolver e florescer bem. Jardineiras na parte externa das janelas também são bons locais para o cultivo da Spathoglottis unguiculata.


Sendo a orquídea grapete uma planta de crescimento rápido, capaz de formar grandes touceiras com facilidade, emitindo novos brotos laterais ao longo da maior parte do ano, é interessante cultivá-la em vasos maiores, capazes de acomodar o sistema de rizomas da planta, de forma confortável. Periodicamente, podem ser necessários replantes, seja para aumentar o tamanho do vaso ou realizar a divisão da touceira. O ideal é que estes procedimentos sejam efetuados no início da primavera, quando o metabolismo da Spathoglottis unguiculata está mais ativo, para que a planta tenha condições de se restabelecer mais rapidamente.

Na hora de se fazer mudas da orquídea grapete, convém seguir a mesma regra aplicada na divisão de touceiras de plantas epífitas, mantendo-se cada segmento com, no mínimo, três pseudobulbos. Desta forma, a planta terá reservas suficientes para fazer o enraizamento de forma mais rápida, além de emitir novas brotações com mais facilidade. No entanto, mesmo que sobrem alguns backbulbs isolados, aqueles segmentos da traseira da planta, sem folhas, existe a possibilidade de novas brotações surgirem, já que a orquídea grapete é bastante resistente e de crescimento vigoroso.

O solo para o cultivo da orquídea grapete pode ser aquele comprado pronto, adequado para o cultivo da maioria das plantas ornamentais. É importante que o material seja bem aerado e facilmente drenável. Além disso, a Spathoglottis unguiculata aprecia um substrato rico em matéria orgânica, típico do chão das florestas nas quais esta orquídea vive, em seu habitat de origem. Portanto, o solo básico pode ser enriquecido com húmus de minhoca ou esterco curtido. Também há quem goste de acrescentar uma parte de substrato para orquídeas epífitas, geralmente composto por casca de pinus, carvão vegetal e fibra de coco. Cada cultivador acaba fazendo sua mistura preferida. Mas a grande verdade é que esta orquídea terrestre é bastante rústica, sendo pouco exigente quanto à natureza do solo.


Além da matéria orgânica, uma adubação suplementar, do tipo NPK, com níveis mais elevados de fósforo, a letra P da fórmula, vai ajudar a orquídea grapete a produzir flores com mais frequência e intensidade. Aqui no apartamento, costumo alternar fórmulas de manutenção e floração, semanalmente, utilizando metade da dose recomendada pelo fabricante. É sempre bom ter em mente que o excesso de adubação pode ser até mais prejudicial do que a falta dela.

A Spathoglottis unguiculata aprecia um solo levemente úmido, mas sem excessos. As regas podem ser frequentes, caso a planta seja mantida em locais muito quentes, secos, ou sujeitos à incidência de ventos constantes. O principal parâmetro, independentemente da periodicidade, é regar quando a camada superficial do solo começar a secar. A aferição é bastante simples, com a ponta do dedo.

Como vimos, a orquídea grapete não é aquela típica planta de interiores. Ainda assim, para os afortunados que dispõem de varandas, sacadas ou jardineiras externas, em seus apartamentos, esta é uma opção bastante recomendada, por sua facilidade de cultivo, beleza da folhagem e perfume das flores.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil