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Orquídea Paphiopedilum


Orquídea Paphiopedilum híbrida
| Paphiopedilum híbrido |

As orquídeas pertencentes ao gênero botânico Paphiopedilum são facilmente reconhecidas devido ao seu característico labelo, cuja aparência lembra a de um tamanco holandês. O apelido orquídea sapatinho costuma ser dado a diferentes espécies e híbridos de Paphiopedilum, por este motivo. Trata-se de uma flor simpática e carismática, que faz sucesso tanto entre os colecionadores como junto ao público em geral. A variedade de cores e formatos é grande, como veremos a seguir.

As diferentes espécies de Paphiopedilum são originárias do sudeste asiático. Elas podem ser encontradas em várias ilhas localizadas no Pacífico, em regiões de clima tropical. Na Ásia continental, estas orquídeas são nativas de países como Índia e China. O nome do gênero é resultado da latinização das palavras gregas paphos (cidade com um templo dedicado a Vênus) e pedilon (sandália). É por este motivo que as orquídeas do gênero Paphiopedilum são conhecidas como sapatinhos de Vênus. No exterior, estas orquídeas são chamadas de lady's slippers orchids.

Orquídea Paphiopedilum maudiae
Paphiopedilum maudiae

A orquídea Paphiopedilum, contudo, não é a única a apresentar flores com esta aparência exótica. As espécies dos gêneros Cypripedium, Phragmipedium e Selenipedium, embora menos conhecidas e cultivadas, também apresentam o típico labelo em forma de taça. Aqui no blog, já apresentamos o Phragmipedium Sedenii, que é frequentemente chamado de sapatinho de princesa.


A presença desta bolsa, nas flores do Paphiopedilum, faz com que muitos confundam esta orquídea com plantas carnívoras. No entanto, a função deste labelo modificado é apenas a de atrair insetos polinizadores. Ele não possui, em seu interior, líquidos viscosos capazes de digerir insetos, como acontece com as espécies do gênero Nepenthes, por exemplo.

As espécies do gênero Paphiopedilum são consideradas orquídeas terrestres. Ao contrário de suas primas epífitas, mais conhecidas por vegetarem nos troncos das árvores, as orquídeas Paphiopedilum encontram-se no chão das florestas, em ambientes úmidos e sombreados. Por esta razão, elas também podem ser consideradas orquídeas humícolas, já que suas raízes assentam-se sobre a camada de húmus que se forma junto ao solo, resultante da decomposição das folhas que caem das árvores.

Orquídea Paphiopedilum callosum
Paphiopedilum callosum

Outra característica interessante, nas orquídeas Paphiopedilum, é a ausência de pseudobulbos, tão característicos nas epífitas Cattleya, Dendrobium e Oncidium, por exemplo. A parte vegetativa da orquídea sapatinho típica é constituída apenas por folhas alongadas, que crescem sob a forma de leques, umas sobre as outras. No entanto, ao contrário das orquídeas Vanda e Phalaenopsis, que são monopodiais, as orquídeas Paphiopedilum apresentam um crescimento simpodial, o que significa que elas vão emitindo novos leques de folhas, em várias frentes de desenvolvimento.

É comum que os leques mais antigos, que já floresceram, percam suas folhas e desapareçam. Mas não sem antes produzirem vários novos brotos, perpetuando a touceira, que costuma crescer em ritmo acelerado. Ao contrário do que acontece com a maioria das outras orquídeas, o Paphiopedilum não pode ser multiplicado através da propagação de seus meristemas. Isto significa que os exemplares encontrados no mercado são frutos da reprodução através de sementes ou da divisão de touceiras provenientes de plantas coletadas da natureza. É por esta razão que muitas espécies de Paphiopedilum encontram-se sob risco de extinção, em seus habitats de origem. Assim como ocorre no Brasil, a coleta de exemplares nativos é proibida por lei.


Em terras tupiniquins, o representante mais conhecido e cultivado é o Paphiopedilum Leeanum, híbrido primário resultante do cruzamento entre Paphiopedilum insigne e Paphiopedilum spicerianum. O Paphiopedilum insigne é a espécie tipo, aquela utilizada para descrever o gênero Paphiopedilum, feito realizado por Ernst Hugo Heinrich Pfitzer, em 1886.

Embora seja uma orquídea cujas origens remontam à Ásia tropical, este Paphiopedilum adaptou-se muito bem ao clima brasileiro, tornando-se incrivelmente popular. Muitos cultivam esta orquídea como uma planta de jardim, sem maiores cuidados. Sua resistência, baixa manutenção e rapidez de crescimento fazem com que se torne muito tranquilo obter novas mudas e compartilhá-las com parentes e amigos.

Orquídea Paphiopedilum Leeanum
Paphiopedilum Leeanum

A orquídea Paphiopedilum é ideal para ser cultivada dentro de casas e apartamentos. Não por acaso, ela faz parte da minha seleção top 10 de orquídeas de sombra. Não são todas as orquídeas que apresentam a capacidade de florescer em ambientes internos, com luminosidade indireta. As diferentes espécies de Paphiopedilum, no entanto, requerem níveis considerados baixos, entre 1.000 e 1.400 footcandles. São níveis inferiores aos requeridos para o cultivo e floração da orquídea Phalaenopsis, por exemplo. Um footcandle é uma medida antiga de intensidade de luz, mas ainda utilizada pelos cultivadores de orquídeas. Ela corresponde à luminosidade emitida por uma vela, a um pé de distância. Uma tabela com os diferentes níveis de footcandles apropriados para o cultivo de diferentes gêneros de orquídeas pode ser encontrada neste artigo.

Portanto, qualquer ambiente, dentro de casas e apartamentos, no qual uma Phalaenopsis consiga se desenvolver e florescer, também será apropriado para o cultivo de uma orquídea Paphiopedilum. Esta é uma excelente forma de diversificar a coleção de orquídeas cultivadas em interiores.

Orquídea Paphiopedilum híbrida
Paphiopedilum híbrido

O único problema, infelizmente, é que as orquídeas Paphiopedilum, com exceção do Paphiopedilum Leeanum, não são facilmente encontradas no mercado. As diferentes espécies e híbridos deste gênero podem atingir grandes cifras, sendo consideradas plantas de colecionadores. Elas são mais frequentemente encontradas em exposições de orquídeas. Nas áreas destinadas às vendas, é possível adquirir exemplares jovens, ainda sem flores. Existem produtores especializados em Paphiopedilum, cujo cultivo ainda não é tão difundido no país, como acontece com outras orquídeas epífitas.

O cultivo da orquídea Paphiopedilum é relativamente tranquilo. Por se tratar de um gênero terrestre, suas raízes não sofrem tanto, quando cultivadas dentro de vasos, em relação às orquídeas epífitas. Ainda assim, não é obrigatório utilizar apenas terra como substrato. Existem cultivadores que mantêm as orquídeas Paphiopedilum em misturas de casca de pinus, carvão vegetal e fibra de coco, as mesmas utilizadas no cultivo de exemplares de hábito epífito. Alternativamente, pode-se misturar solos ricos em matéria orgânica com substratos para epífitas. O importante é que o material seja aerado, bem drenável e rico em nutrientes. A meta é sempre tentar mimetizar as condições em que o Paphiopedilum se encontra, em seu habitat original, no chão das florestas.


Por este motivo, os tradicionais vasos de barro, tão recomendados para o cultivo de orquídeas epífitas, não são obrigatórios, no caso do Paphiopedilum. É comum que este tipo de orquídea seja cultivado em vasos de plástico, que são capazes de reter a umidade do substrato por mais tempo. Não há a necessidade de que ele seque completamente, entre uma rega e outra. Por esta razão, também é comum que os cultivadores utilizem o musgo sphagnum, que apresenta a característica de reter grandes volumes de água, por um período mais prolongado. O importante é que cada cultivador experimente diferentes combinações de substrato, elegendo aquela que melhor se adapte às condições particulares de cultivo e hábitos de regas.

A frequência de irrigações deve ser suficiente para manter o substrato úmido, sem que fique encharcado. De tempos em tempos, é recomendável efetuar uma rega mais caprichada, de modo que a água escoe pelo fundo do vaso em abundância. Desta forma, o substrato é lavado por completo, ficando livre de resíduos deixados pela adubação. Com o tempo, sais minerais provenientes dos fertilizantes, e mesmo da água, vão se acumulando no substrato, podendo causar queimaduras nas raízes da orquídea. O gênero Paphiopedilum, particularmente, é bastante sensível a este excesso de sais minerais.

Por este motivo, a adubação da orquídea Paphiopedilum não precisa ser muito intensa. Vale lembrar que, em muitos casos, o próprio substrato já é preparado com uma terra rica em matéria orgânica. Aqui no apartamento, prefiro utilizar adubos químicos, do tipo NPK, com macro e micronutrientes. Isto porque todo composto orgânico precisa sofrer uma decomposição, para efetivamente liberar os nutrientes às raízes das orquídeas. Este processo é efetuado por fungos e bactérias, que acabam exalando odores não muito agradáveis. Além disso, é comum que este material atraia insetos indesejados, principalmente em ambientes internos, com circulação de pessoas.


Os adubos químicos podem ser líquidos ou em pó. Geralmente, são soluções concentradas, que devem ser diluídas em água. Para evitar o excesso de sais minerais no substrato, eu costumo utilizar a metade da dose recomendada pelos fabricantes. Basta preparar uma solução mais diluída. Uma outra alternativa, neste sentido, é utilizar os adubos de liberação lenta, que costumam ser vendidos em preparações encapsuladas. Desta forma, elimina-se o risco do excesso de adubação.

Caso o Paphiopedilum esteja reticente quanto à floração, pode-se dar uma ajuda com uma adubação específica. Existem formulações, à venda no mercado, específicas para estimular a floração de orquídeas. Estes compostos são mais ricos em fósforo, a letra P do NPK. Aqui no apartamento, costumo alternar fórmulas de manutenção (NPK equilibrado) com adubos de floração (mais fósforo), semanalmente, em doses diluídas.

Orquídea Paphiopedilum Leeanum
Paphiopedilum Leeanum

Embora sejam bastante resistentes, as orquídeas Paphiopedilum podem ser atacadas por algumas pragas. É relativamente frequente ver a ocorrência de ácaros, nas folhas destas plantas. Apenas lembrando, os ácaros não são insetos, são parentes das aranhas. Estes seres quase microscópicos desenvolvem-se rapidamente, formando colônias imensas, capazes de devastar uma orquídea em poucos dias. Eles raspam o tecido vegetal, principalmente nas partes inferiores das folhas, onde não costumamos olhar. Os ácaros deixam um rastro em baixo relevo, que costuma ser posteriormente invadido por fungos, devido à lesão. Existem defensivos específicos para o combate aos ácaros, em lojas especializadas e garden centers. Fertilizantes à base de enxofre também costumam ser utilizados, nestes casos.

No entanto, a melhor forma de se evitar este tipo de praga é fornecer corretos níveis de umidade relativa do ar, no cultivo da orquídea Paphiopedilum. Quando mantida dentro de casas e apartamentos, esta orquídea costuma sofrer com o ambiente mais seco, típico de interiores. É justamente sob condições insuficientes de umidade do ar que os ácaros atacam com mais intensidade. Portanto, é sempre recomendável a utilização de umidificadores de ar, quando orquídeas são mantidas em ambientes internos. Em áreas abertas, este aparato não funciona, já que qualquer corrente de ar leva toda a umidade gerada embora. Outro utensílio bastante útil, neste caso, é a bandeja umidificadora. Trata-se, simplesmente, de um recipiente raso, com uma camada de areia, brita ou argila expandida, que abriga uma lâmina de água no fundo. Os vasos com as orquídeas Paphiopedilum são colocados sobre esta bandeja, sem que o fundo entre em contato direto com a água. Desta forma, um fluxo constante de umidade é direcionado às plantas, sem causar um encharcamento do substrato.


Ainda que o Paphiopedilum Leeanum seja o ícone entre as orquídeas de fácil cultivo, já tive exemplares do gênero que nunca se desenvolveram a contento. Aqui pelo apartamento, já passou o Paphiopedilum rothschildianum, uma orquídea belíssima e rara. É considerado o rei dos sapatinhos. Comprei uma muda bem jovem, por um preço absurdo, em uma exposição de orquídeas. Muito esperto, achei que ficaria rico, multiplicando este exemplar. Pois, além de ficar a ver navios, nunca tendo obtido uma flor sequer, acabei perdendo a planta, devido a alguma praga misteriosa. Também já cultivei um híbrido descendente do Paphiopedilum delenatii, sapatinho rosado que aprecio bastante, mas que nunca foi para frente. Acabei doando a orquídea, antes que ela tivesse o mesmo destino da anterior.

Hoje, contento-me com o comum e onipresente Paphiopedilum Leeanum, que continuo achando um espetáculo. Suas flores surgem pontualmente, todos os anos, durante os meses do outono e inverno. Além disso, são bastante duráveis. Infelizmente, não são perfumadas. Ainda assim, este Paphiopedilum possui a especial característica de se adaptar bem ao cultivo em interiores, sendo uma excelente opção para fugir da tradicional Phalaenopsis, tão presente neste tipo de ambiente. Imagino que, com o passar do tempo, e o avanço das técnicas de propagação deste gênero de orquídea, tenhamos uma maior diversidade disponível no mercado, a preços mais razoáveis. Por enquanto, ainda é uma questão de garimpar os exemplares mais acessíveis, que geralmente são híbridos, muitas vezes sem uma identificação correta. Na Europa e nos EUA, por outro lado, as orquídeas Paphiopedilum são bastante populares, podendo ser encontradas até mesmo em grandes redes de hipermercados, a preços muito mais acessíveis, além de existirem em uma incrível diversidade de cores e formatos. Um dia, ainda chegaremos lá...

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil