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Como cultivar orquídeas: Água


Orquídea Phalaenopsis híbrida
| Phalaenopsis híbrida |

A arte de cultivar orquídeas está intimamente baseada na correta compreensão da relação desta belíssima família botânica com a água. Abundante e fornecida em doses milimetricamente perfeitas na natureza, a água precisa ser artificialmente administrada por nós, no cultivo doméstico ou comercial. Como ainda recebo muitas perguntas de leitores, com dúvidas sobre os cuidados com suas orquídeas, principalmente em relação à água, tais como quantidade e frequência das regas, umidade relativa do ar, entre outras, resolvi compilar neste post as principais dicas sobre este complexo assunto. Afinal, orquídeas gostam ou não gostam de água?

Para respondermos a esta questão de maneira bem sucinta, basta observarmos o fato de que as orquídeas podem ser cultivadas na água, sem substrato nem vaso. Literalmente, podemos ter orquídeas plantadas na água. É equivocada a visão de que orquídeas não gostam de água e que devem ser regadas com bastante parcimônia. Há, inclusive, quem recomende que as regas sejam feitas com copinhos de café ou com cubos de gelo. A teoria por trás da recomendação de se regar orquídeas com gelo está na crença de que elas não podem receber muita água. Desta forma, o cubo de gelo limitaria o fornecimento deste elemento à orquídea. Trata-se de um mito. Além disso, há quem coloque gelo na orquídea Cymbidium, ou mesmo a regue com água gelada, na tentativa de fazê-la florescer, já que se trata de uma planta originária de regiões de clima frio. Mas esta é uma outra questão.


Como cultivar orquídeas na água


Embora pareça inovador, o cultivo de orquídeas na água baseia-se na antiga técnica da hidroponia. Praticamente todos os vegetais podem ser cultivados em ausência de solo, com suas raízes mergulhadas em uma mistura de água e nutrientes. Embora seja uma técnica bastante utilizada na produção de alimentos de origem vegetal, a hidroponia também tem várias aplicabilidades na área de plantas ornamentais. O lírio da paz, por exemplo, é uma planta terrestre que costuma ser cultivada com sucesso na água.

No caso do cultivo de orquídeas na água, a prática ainda não é muito difundida. Em teoria, o procedimento é bastante simples. Basta retirar a orquídea do vaso e eliminar todo o substrato, retirando o material aderido às raízes. Quanto mais limpas estiverem, menos substâncias orgânicas contribuirão para o apodrecimento da água.

O importante é colocar a orquídea em um recipiente transparente, para que a pureza da água possa ser verificada diariamente. Uma das dificuldades deste cultivo é fixar a orquídea de modo que apenas suas raízes fiquem submersas. Orquídeas com crescimento monopodial, como a Phalaenopsis, podem apodrecer facilmente caso a água se acumule na parte vegetativa, principalmente no miolo entre as folhas.

A água deve conter todos os nutrientes para o desenvolvimento e floração da orquídea. É um desafio encontrar a dose correta, já que os adubos disponíveis no mercado são formulados para aplicação foliar (muito embora as raízes sejam as principais estruturas responsáveis pela captação de nutrientes). De modo geral, convém utilizar uma dose homeopática de fertilizante nesta água para o cultivo da orquídea, já que suas raízes estarão permanentemente submersas.


Outro cuidado muito importante é trocar a água periodicamente, a cada três dias ou semanalmente. Preferencialmente, o recipiente deveria ter algum mecanismo que impeça a proliferação do mosquito da dengue. Este procedimento também evita o crescimento desenfreado de algas, que podem se alastrar devido à luminosidade e abundância de nutrientes. Como podemos observar, embora seja uma técnica relativamente simples, não é muito prático cultivar orquídeas em água, no longo prazo.

Pessoalmente, acho que todos estes cuidados acabam tornando o cultivo de orquídeas em água muito trabalhoso. Além disso, o método não é muito eficaz para espécies que necessitam de muita luminosidade, e precisam ser cultivadas fora de casa. A evaporação, nestes casos, é intensa e a reposição de água torna-se diária. Não acho que compense. Os vasos e substratos, embora também tenham seus problemas e limitações, são utilizados justamente para facilitar o cultivo, principalmente em ambientes domésticos ou em larga escala.

Existe uma alternativa intermediária, que é a semi-hidroponia, assunto que já abordamos aqui no blog. Neste caso, as raízes das orquídeas ficam aderidas a um substrato inerte, como brita, seixo ou argila expandida. No fundo do recipiente, existe uma camada de água adubada, que vai hidratando e nutrindo a orquídea através de capilaridade. Neste caso, não há risco de proliferação do mosquito da dengue, já que a água fica protegida, no fundo do vaso. Além disso, a evaporação é menor e a manutenção deste sistema semi-hidropônico torna-se mais prática.

Para cultivar orquídeas, quanta água é necessária?


Um equívoco que muitos costumam cometer, quando estão iniciando o cultivo de orquídeas, é acreditar que rega e umidade relativa do ar são conceitos equivalentes. Na verdade, um não substitui o outro. Se, por um lado, a maioria das orquídeas necessita de elevados níveis de umidade relativa do ar, em níveis superiores aos 60%, por outro lado, o aumento na frequência das regas não é o procedimento correto para garantir este parâmetro.

Embora estejam distribuídas por quase toda a Terra, menos na Antártida, as orquídeas são plantas predominantemente tropicais. Sendo assim, de modo geral, vivem em regiões com elevados níveis de umidade relativa do ar, sendo permanentemente expostas às chuvas, à neblina e ao orvalho da madrugada. Apesar disso, como vivem com as raízes expostas, aderidas aos troncos das árvores, estas orquídeas têm a oportunidade de secar rapidamente.

Recebo muitos relatos de pessoas preocupadas com as folhas murchas ou secas de suas orquídeas. Na maioria dos casos, esta desidratação foi causada pelo excesso de água. Ou seja, geralmente matamos as orquídeas afogadas. A explicação para este paradoxo é que, abafadas no vaso, sob condições artificiais e sem ventilação adequada, as raízes ficam encharcadas por muito tempo, o que favorece o aparecimento de doenças ocasionadas por fungos e bactérias. Sem as raízes, a planta não consegue absorver a água que, copiosamente, continuamos a fornecer.


Surge então o mito de que orquídeas não gostam de água. Nos EUA, os grandes magazines costumam vender maciçamente as orquídeas com o slogan 'Just Add Ice'. São plantas que vêm com a instrução de que se deve apenas colocar duas pedras de gelo no vaso, uma vez por semana. Desta forma, não há com o que se preocupar, nem como errar.

O problema deste método é que, embora controlada, esta quantidade de água pode escorrer muito rapidamente pelos vãos livres do substrato, de tal forma que ele continue praticamente seco após a rega. Para contornar este problema, o certo é que as orquídeas sejam abundantemente regadas, quer seja com uma mangueira, na pia, debaixo de uma torneira ou com o chuveirinho do banheiro. Desta forma, o substrato consegue absorver completamente a água, ao mesmo tempo em que as impurezas e o excesso de adubo são totalmente eliminados.

A rega do vaso por imersão em um balde de água, embora seja eficiente no quesito de umedecer efetivamente o substrato, deve ser evitada devido ao risco de contaminação. Mergulhar vários vasos de orquídeas, um em seguida do outro, no mesmo balde, gera o risco de disseminar doenças e pragas. Por outro lado, trocar a água entre uma imersão e outra geraria um desperdício muito grande deste recurso natural, cada vez mais escasso.

Orquídeas na banheira
Orquídeas na banheira

Com que frequência regar as orquídeas


As pessoas sempre me perguntam de quanto em quanto tempo devem regar suas orquídeas. Como não há uma resposta padrão a esta pergunta, percebo uma certa impaciência no meu interlocutor, à medida que tento explicar. Na verdade, em se tratando de orquídeas, não podemos estabelecer um intervalo fixo entre as regas. Tudo vai depender das condições climáticas de cada estação e região.

No verão, deveremos regar as orquídeas com mais frequência, diminuindo a periodicidade durante o inverno. Também é preciso ficar atendo às condições de cada cultivo, tais como tipo de vaso (plástico ou barro), material do substrato, quantidade de insolação e níveis de ventilação aos quais as orquídeas encontram-se expostas.


A melhor maneira de sabermos o momento ideal para regar é colocando o dedo no substrato, afundando levemente. Se sentirmos que o material está úmido, não precisamos regar. Se estiver seco, regamos. Com o tempo e a experiência, dá para se aferir a umidade do substrato através do peso do vaso. Quando estiver leve, é hora de regar a orquídea, já que o material dentro do vaso estará suficientemente seco.

De qualquer forma, o ideal é que o substrato no qual a orquídea está plantada não permaneça úmido por muito tempo. Sob condições ideais de insolação, umidade ambiente e ventilação, espera-se que o material seque dentro de uma semana, aproximadamente. Este período será menor no calor, maior no frio.

Orquídea Phalaenopsis híbrida
Phalaenopsis híbrida

Quando regar as orquídeas


É sempre aconselhável evitar regar as orquídeas nas horas mais quentes do dia. As gotas de água sobre as folhas atuam como lentes que aumentam a intensidade dos raios solares, podendo causar queimaduras. Além disso, o choque térmico causado pela água fria sobre as folhas quentes pode causar lesões.

Os melhores momentos para a rega são no começo da manhã e no final da tarde. Não é bom que as orquídeas durmam molhadas. Portanto, nos dias mais frios, o ideal é que se regue no começo da manhã, para que elas tenham tempo de secar ao longo do dia.

Durante os dias muito quentes do verão, em varandas que recebem muito vento, vale borrifar água sobre as plantas de manhã e no final da tarde. Como sempre, tudo depende do clima.

Orquídea Phalaenopsis híbrida
Phalaenopsis híbrida

Orquídeas e os pratinhos sob o vaso


Outro dia, visitando um estande de venda de orquídeas, avistei uma senhora conversando com a vendedora. Quando me aproximei, ouvi a seguinte frase: 'Esqueça o pratinho!'. A voz veio da vendedora, mas parecia ter saído de um sargento enfurecido. Eu, que não tinha nada a ver com a história, estremeci.

A verdade é que o pratinho sob o vaso é fonte conhecida de polêmica no meio orquidófilo. Mas não é uma regra rígida. É verdade que, se mantivermos o pratinho cheio de água, as raízes das orquídeas irão apodrecer. No entanto, se tomarmos o cuidado de escoar a água e o mantivermos sempre seco, não há problema algum. Que a vendedora não nos ouça.

Dentro de casa ou em ambientes muito secos, com muito vento, pode-se utilizar o pratinho com água a favor das orquídeas. Basta colocar uma camada de pedrisco, brita ou argila expandida, com uma lâmina de água ao fundo. Desta forma, o vaso não tocará diretamente a água. Ao mesmo tempo, a evaporação da lâmina de água ajudará na manutenção da umidade no entorno da orquídea.

Adicionalmente, o mesmo princípio pode ser utilizado para um coletivo de vasos, trocando o pratinho por uma bandeja. Os americanos utilizam versões comerciais deste aparato, conhecido como humidity tray.

Bandeja umidificadora sob o vaso de orquídea
Bandeja umidificadora sob o vaso de orquídea

As orquídeas não precisam ser regadas por inteiro


Embora seja um tanto difícil aplicar esta regra na prática, é aconselhável evitar molhar as flores e botões florais das orquídeas, durante as regas. O excesso de umidade nestas estruturas facilita o desenvolvimento de um fungo, Botrytis cinerea, que causa aquelas conhecidas pintas amarronzadas nas pétalas e sépalas. Este fungo não causa maiores danos à orquídea, trata-se mais de um problema estético.


Também é bom evitar que a água com adubos ou defensivos entre em contato com as flores e botões das orquídeas. Estas substâncias podem prejudicar seu desenvolvimento, além de causar danos na aparência das mesmas.

Ao regarmos as orquídeas Phalaenopsis, é importante evitarmos o acúmulo de água nas axilas das folhas e, principalmente, no miolo central. Na natureza, aderidas aos troncos das árvores, estas folhas estão inclinadas e não acumulam água. No vaso, este problema pode levar ao surgimento de doenças fúngicas e bacterianas. Neste caso, o ideal é concentrarmos a rega nas raízes da orquídea e no substrato.

Por fim, a orquídea azul que ilustra este artigo foi obtida através de um processo de coloração artificial, conforme matéria já publicada aqui no blog. A flor desta Phalaenopsis foi molhada apenas para melhor ilustrar o post. Logo em seguida, foi seca para se conservar bonita por bastante tempo.

Outras informações, mais especificamente sobre outros aspectos do cultivo de orquídeas em interiores, podem ser encontradas nos artigos abaixo:


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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil