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| | Laelia alaorii | | 
  Aqueles que convivem com animais de estimação logo aprendem que pequenos
  sinais corporais, como um movimento de orelha ou o balançar de uma cauda,
  traduzem perfeitamente os sentimentos e pensamentos destes entes queridos. Com
  as nossas
  orquídeas, as coisas não são diferentes. Embora mais discretas e silenciosas, estas
  fascinantes criaturas estão constantemente dialogando conosco, relatando suas
  alegrias e dificuldades, através de seus componentes físicos. Entender os
  sinais que as orquídeas emitem, através de folhas murchas ou amareladas,
  pseudobulbos enrugados ou raízes secas, é de suma importância para que as
  devidas ações sejam tomadas a tempo de remediar a situação.
  
  
  Hoje, trago algumas dicas de como interpretar os sinais que as folhas, raízes,
  pseudobulbos e flores de nossas orquídeas nos enviam diariamente. Com este
  texto, espero responder a algumas das questões mais frequentes que recebo aqui
  no blog sobre o
  cultivo de orquídeas. De modo geral, a principal dúvida que assola o cultivador iniciante é o
  porquê de sua orquídea estar com as flores e folhas murchas. Existem algumas
  situações diferentes que causam este fenômeno, normais ou não, como veremos a
  seguir.
  
Na foto de abertura deste artigo, um flagrante da Laelia alaorii em seu desabrochar, tricotando com um anel solitário de pérola.
Na foto de abertura deste artigo, um flagrante da Laelia alaorii em seu desabrochar, tricotando com um anel solitário de pérola.
Orquídea com flores murchas
Após a alegria de ganhar uma orquídea, geralmente uma Phalaenopsis, e apreciar a beleza das flores por alguns meses, pouco a pouco a pessoa vai percebendo que algo está errado. O fato de as flores começarem a murchar e secar, para alguns iniciantes, costuma causar preocupação. No entanto, este é um fenômeno natural, que segue o ciclo de vida da orquídea. As flores murcham após terem cumprido seu papel. Na eventualidade de serem polinizadas, produzirão frutos e sementes. Caso contrário, as flores murcham, secam e caem. No ano seguinte, uma nova floração surgirá.
A duração das flores varia de acordo com a espécie de orquídea. Algumas são famosas por durarem meses, como é o caso da Phalaenopsis. Outras duram poucos dias. Portanto, é importante saber o nome da orquídea que estamos cultivando, para adequar nossas expectativas.
A seguir, costuma surgir a dúvida sobre o que fazer com a haste floral. Para dar informações sobre este tema, escrevi o artigo abaixo:
Orquídeas com folhas murchas e enrugadas
Prosseguindo nos cuidados habituais, é frequente que a pessoa comece a sentir que sua orquídea está murchando. Este fato, infelizmente, é muito observado em orquídeas do gênero Phalaenopsis. Suas folhas, outrora carnudas e suculentas, começam a perder o viço e tornam-se meio amolecidas. Também é possível notar que as folhas estão enrugando. É neste ponto que o sinal amarelo acende-se, desta vez, com razão.
Folhas moles, murchas e enrugadas são um grande sinal de preocupação. Elas indicam que a orquídea está se desidratando, perdendo água através de suas folhas, em um ritmo maior do que suas raízes conseguem captar. É nesta hora que um equívoco por parte do cultivador iniciante pode piorar a situação.
Por acreditar que a orquídea está murchando por falta de água, a pessoa passa a regá-la com mais frequência. E, no entanto, as folhas continuam a enrugar e amolecer, em ritmo até mais acelerado. O que acontece, de fato, é que as raízes estão apodrecendo por excesso de água, não por falta. Paradoxalmente, as folhas da orquídea murcham e se desidratam devido à quantidade exagerada de regas, não pela falta delas.
Para consertar a situação, o ideal é diminuir a frequência das regas. Concomitantemente, é importante colocar a orquídea em um local mais sombreado, protegido do sol direto e de ventos excessivos. De suma importância é fornecer altos níveis de umidade relativa do ar, o que não significa dar mais água. O ambiente em torno da orquídea deve ser úmido, o que pode ser conseguido através de umidificadores de ar, fontes de água próximas ou bandejas umidificadoras.
Caso a situação seja grave e as folhas estejam muito murchas e enrugadas, é bom desenvasar a orquídea e observar o estado das raízes. Caso não tenham salvação, uma saída é recorrer à técnica de UTI de orquídeas, geralmente feita de forma caseira em garrafas plásticas. Nem sempre funciona e é meio arriscado, mas é uma última tentativa.
Orquídeas com crescimento acelerado
  Por vezes, assistimos orgulhosos ao crescimento vigoroso e bastante rápido de
  uma orquídea, sem suspeitarmos que algo de errado possa estar acontecendo.
  Quando submetidos a pouca luz, ou em ausência total dela, os vegetais sofrem
  um processo denominado estiolamento. Todos os seus componentes, caule, folhas
  e pseudobulbos, passam a se elongar aceleradamente, em busca de luz. Como
  resultado, estas estruturas estioladas tornam-se frágeis e delgadas, devido ao
  seu crescimento anormal. Observamos este fenômeno claramente quando cultivamos
  uma
  planta suculenta, que gosta de sol pleno, em local muito sombreado.
  Nas orquídeas, o mesmo fenômeno ocorre. Portanto, toda vez que verificarmos
  folhas e pseudobulbos muito finos e compridos, é bom atentarmos para a
  quantidade de luz que a planta está recebendo. Cada gênero de orquídea requer
  um nível diferente de luminosidade para um bom desenvolvimento e floração. Por
  isso, é importante que todas as nossas plantas sejam corretamente
  identificada, para podermos pesquisar suas necessidades de cultivo.
As cores das folhas das orquídeas
  Ainda em relação à luminosidade, outra mensagem clara que as orquídeas nos
  enviam vem através da coloração de suas folhas. A principal fonte de
  preocupação dos iniciantes é quanto ao fato de as folhas de suas orquídeas
  estarem amarelando.
  
Podemos observar uma grande variabilidade de tons de verde, que podem chegar até o amarelado, de acordo com os níveis de luz que a orquídea recebe. Por outro lado, cada orquídea tem sua cor característica, própria de cada espécie. Como existe uma grande variação individual nos tons de verde das folhas de cada orquídea, bem como seus híbridos, novamente é importante sabermos sua identificação, para averiguarmos se aquela coloração é normal e saudável.
  
De modo geral, o tom de verde ideal é aquele que se aproxima à cor da alface, nem muito escuro, nem muito claro. Orquídeas com as folhas em um verde muito escuro, via de regra, estão recebendo menos luz do que deveriam. No outro extremo, um verde muito claro ou amarelado pode ser sinal de excesso de luminosidade. Há ainda aquelas folhas que podem apresentar tons avermelhados, devido aos pigmentos coloridos que suas flores possuem.
Podemos observar uma grande variabilidade de tons de verde, que podem chegar até o amarelado, de acordo com os níveis de luz que a orquídea recebe. Por outro lado, cada orquídea tem sua cor característica, própria de cada espécie. Como existe uma grande variação individual nos tons de verde das folhas de cada orquídea, bem como seus híbridos, novamente é importante sabermos sua identificação, para averiguarmos se aquela coloração é normal e saudável.
De modo geral, o tom de verde ideal é aquele que se aproxima à cor da alface, nem muito escuro, nem muito claro. Orquídeas com as folhas em um verde muito escuro, via de regra, estão recebendo menos luz do que deveriam. No outro extremo, um verde muito claro ou amarelado pode ser sinal de excesso de luminosidade. Há ainda aquelas folhas que podem apresentar tons avermelhados, devido aos pigmentos coloridos que suas flores possuem.
  Um artigo mais detalhado sobre este assunto pode ser lindo no
  link abaixo:
Orquídeas com pseudobulbos enrugados
  Este é um sinal que costuma ser mal interpretado. Orquídeas com os
  pseudobulbos em forma de cana, como as do gênero
  Dendrobium, costumam perder todas as folhas, tornando-se completamente secas e
  enrugadas. Muitos acreditam que suas orquídeas estão doentes ou morrendo, mas
  trata-se de um fenômeno normal, que antecede a floração.
  
Portanto, neste caso específico, folhas amarelas, que estejam secando, caindo ou com manchas, não são sinal de que há algo de errado no cultivo da orquídea.
Portanto, neste caso específico, folhas amarelas, que estejam secando, caindo ou com manchas, não são sinal de que há algo de errado no cultivo da orquídea.
  Outro processo que também assusta muita gente, mas é natural, consiste no
  enrugamento dos pseudobulbos mais antigos. À medida que a orquídea de
  crescimento simpodial avança pelo vaso, as estruturas mais antigas vão
  perdendo sua função e naturalmente acabam enrugando. As folhas caem e estes
  pseudobulbos por fim secam e morrem.
  No entanto, quando este fenômeno ocorre com pseudobulbos mais novos, na linha
  de frente do crescimento da orquídea, é sinal de que algo vai mal. Aqui, mais
  uma vez, estas plantas costumam ser mal compreendidas. As pessoas vêem a
  orquídea murchando e logo concluem que lhes falta água. Na maioria dos casos,
  está ocorrendo exatamente o inverso. Por excesso de água, as raízes acabam
  apodrecendo e morrendo, processo que leva à desidratação da planta, como já
  mencionado anteriormente.
  Um artigo específico sobre água, regas e umidade pode ser lido através do
  link abaixo:
Orquídeas com raízes secas
  Quando comecei a cuidar de orquídeas, o que mais me fascinava era observar o
  crescimento das raízes. Chegava a olhar várias vezes por dia. No entanto, o
  que me deixava frustradíssimo era perceber que elas não costumavam ir muito
  longe. Após alguns centímetros de crescimento para fora do vaso,
  invariavelmente, aquela bela pontinha verde acabava secando.
  Cheguei a me conformar, achando que era assim mesmo, até que visitei um
  orquidário de verdade, com a umidade relativa do ar em níveis corretos. Para
  minha surpresa, conheci
  Laelias
  e
  Cattleyas
  em vasos suspensos, ostentando raízes que iam até o chão. Mais compridas do
  que as de muitas
  Vandas
  que vi por aí. O segredo é que elas só se desenvolvem adequadamente quando os
  níveis de umidade relativa do ar estão acima de 60%. No apartamento, como é
  difícil controlar este parâmetro, as raízes só se desenvolvem enterradas no
  substrato.
  Outro fator que prejudica o desenvolvimento das raízes de orquídeas é o
  excesso de adubação química. Os sais acumulados queimam as pontas verdes em
  crescimento. Os adubos orgânicos, por serem muito concentrados, também podem
  queimar estas estruturas, quando em contato direto com as mesmas.
  Além disso, se plantamos nossas orquídeas muito soltas no vaso, permitindo que
  balancem, acabamos impedindo que as raízes progridam. Na fase inicial do
  desenvolvimento, as pontas verdes destas estruturas são muito frágeis. O
  constante atrito com o substrato faz com que elas sequem e parem de
  crescer.
  
Por fim, o grande inimigo mortal de todas as raízes de orquídeas é o excesso de água, como já enfatizado nas seções anteriores. Na natureza, as orquídeas de hábito epífito, que vivem sobre outras plantas, estão com as raízes permanentemente descobertas, aderidas aos troncos das árvores. Nesta condição, elas têm a possibilidade de captar a umidade do ambiente, ao mesmo tempo que podem secar rapidamente, após uma chuva. No cultivo doméstico, principalmente quando as orquídeas são cultivadas em vasos, com as raízes abafadas pelo substrato, há o perigo de o excesso de regas causar o apodrecimento destas estruturas.
Por fim, o grande inimigo mortal de todas as raízes de orquídeas é o excesso de água, como já enfatizado nas seções anteriores. Na natureza, as orquídeas de hábito epífito, que vivem sobre outras plantas, estão com as raízes permanentemente descobertas, aderidas aos troncos das árvores. Nesta condição, elas têm a possibilidade de captar a umidade do ambiente, ao mesmo tempo que podem secar rapidamente, após uma chuva. No cultivo doméstico, principalmente quando as orquídeas são cultivadas em vasos, com as raízes abafadas pelo substrato, há o perigo de o excesso de regas causar o apodrecimento destas estruturas.
Orquídeas com manchas nas folhas
  Nem toda as manchas nas folhas de nossas orquídeas são sinais de doenças.
  Existem máculas perfeitamente normais, como as pintas vermelhas que surgem nas
  orquídeas cujas flores têm um colorido mais intenso. Esta pigmentação da flor
  também se revela nas folhas, pseudobulbos e pontas das raízes, principalmente
  quando expostas a altos níveis de luminosidade.
  Outro sinal bastante comum, infelizmente, é aquele causado pela exposição
  excessiva da orquídea ao sol. Neste caso, as folhas adquirem inicialmente um
  aspecto esbranquiçado, que com o tempo vai se tornando mais escuro. A
  aparência é típica de queimadura, mas pode ser confundida com um ataque de
  fungos. O fato é que a lesão causada pelos raios solares acaba abrindo as
  portas para que infestações oportunistas se instalem na folha.
  Insetos, tanto os sugadores quanto os raspadores, também costumam causar
  grandes estragos às folhas das orquídeas. A lista é interminável: pulgão,
  cochonilha, tenthecoris, tripes, lagartas, etc. Os ácaros, embora não sejam
  insetos - são parentes das aranhas e carrapatos - também causam lesões na
  superfície da folha e são difíceis de serem identificados, devido ao seu
  tamanho microscópico.
  Por fim, existe uma legião de fungos, bactérias e vírus que podem deixar suas
  marcas e malefícios nas nossas orquídeas. Para saber exatamente do que se
  trata, somente com a ajuda de um profissional da área, o engenheiro agrônomo.
  Também é ele a pessoa credenciada para receitar os medicamentos apropriados
  para cada situação.
  Oportunamente, em um artigo específico, falaremos detalhadamente sobre pragas
  em orquídeas.
  Existem também uma série de sintomas causados por deficiência ou excesso de
  nutrientes. No entanto, estes sinais são mais complexos e geralmente são
  corrigidos por profissionais. Se fornecermos uma
  adubação balanceada, os riscos de que estes problemas aconteçam são mínimos.
Considerações finais
  Em resumo, nem sempre flores e folhas murchas, amarelando, secando ou caindo
  são motivo para preocupação. É importante que saibamos distinguir quando estes
  fenômenos são normais, fisiologicamente falando, ou quando são consequência de
  alguma anomalia ou equívoco no nosso cultivo.
  
Muitos afirmam que é necessário falar com as plantas, para que elas cresçam e floresçam. Há até quem toque música para elas, jurando que este procedimento melhora a produção de frutos e flores. Não sei se é verdade. O que posso afirmar, com certeza, é que o inverso é verdadeiro. Elas é que falam, com toda a certeza. Talvez não possamos ouvir, mas o fato é que as orquídeas estão constantemente emitindo sinais visíveis sobre seu estado de saúde. Cabe a nós tentarmos compreender esta linguagem, de modo a corrigir nossas falhas e aprimorar nosso cultivo.
Muitos afirmam que é necessário falar com as plantas, para que elas cresçam e floresçam. Há até quem toque música para elas, jurando que este procedimento melhora a produção de frutos e flores. Não sei se é verdade. O que posso afirmar, com certeza, é que o inverso é verdadeiro. Elas é que falam, com toda a certeza. Talvez não possamos ouvir, mas o fato é que as orquídeas estão constantemente emitindo sinais visíveis sobre seu estado de saúde. Cabe a nós tentarmos compreender esta linguagem, de modo a corrigir nossas falhas e aprimorar nosso cultivo.
Publicado em:  | Última atualização: 
 
  
Por Sergio Oyama Junior
    
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
    
São Paulo, SP, Brasil
    
  
  Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
 
   
 











