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Orquídeas vermelhas


Orquídeas vermelhas Slc. Jewel Box e Sl. Jinn
| Sophrolaeliocattleya Jewel Box e Sophrolaelia Jinn |

Confesso que tenho uma queda por orquídeas vermelhas. Na verdade, por flores vermelhas, de uma maneira geral. Mas as orquídeas sempre tiveram um lugar especial no meu coração. Cada pequena variação no tom da cor ou na textura das flores de uma orquídea escarlate já é razão para cobiçar um novo exemplar. Infelizmente, orquídeas vermelhas são um pouco mais difíceis de serem encontradas no mercado. Além disso, seu cultivo é um tanto quanto mais complicado, elas são plantas temperamentais, como veremos a seguir. De qualquer forma, em se tratando de orquídeas, um vermelho nunca é igual ao outro. Tenho particular predileção por exemplares que possuem flores pequenas.

O principal problema desta fixação por orquídeas nesta coloração reside no fato de que o vermelho é uma cor rara na família Orchidaceae. Poucas espécies de orquídeas rubras ocorrem espontaneamente na natureza. Portanto, ao nos depararmos com uma orquídea vermelha à venda, o mais provável é que seja um exemplar híbrido. Também é grande a probabilidade de que este híbrido tenha a Sophronitis coccinea como seu principal ascendente. Há muitos anos, esta espécie vem sendo utilizada como matriz para a produção de belíssimas orquídeas nos mais variados tons de escarlate.


Esta famosa orquídea vermelha é tipicamente brasileira, originária da Mata Atlântica, ocorrendo predominantemente em regiões de altitude mais elevada, nos estados do sul e sudeste do Brasil. Por este motivo, é uma orquídea que não se desenvolve bem em locais quentes e secos. Também há quem relate dificuldade de cultivar a Sophronitis coccinea ao nível do mar. É uma das poucas espécies de orquídeas vermelhas que ocorrem espontaneamente na natureza, em seus habitats de origem.

Para conhecer algumas orquídeas vermelhas que descendem da Sophronitis coccinea, sugiro a leitura do artigo abaixo. Embora sejam todos híbridos belíssimos, eles carregam em seu DNA a dificuldade de cultivo e a exigência por um clima mais ameno, com elevados índices de umidade relativa do ar. Geralmente, são orquídeas com temperamento de divas, que desabam sob qualquer contrariedade climática.

Orquídea vermelha Sophronitis coccinea
Sophronitis coccinea

A Sophronitis Arizona, por exemplo, é um belo representante desta categoria de orquídeas vermelhas descendentes da coccinea. Uma foto dela encontra-se logo abaixo. Trata-se de um híbrido primário, resultante do cruzamento entre a Sophronitis coccinea e a Sophronitis brevipedunculata. Existe uma grande similaridade morfológica entre estas espécies e seus híbridos, o que pode causar uma confusão para os leigos. O importante é sempre adquirir sua orquídea vermelha de um produtor confiável, que vai fornecer o nome correto do exemplar, bem como o cruzamento que resultou no híbrido em questão.


Este cuidado é fundamental para sabermos como cultivar nossas orquídeas, vermelhas ou não. A Sophronitis coccinea, bem como as espécies similares, são conhecidas por sua dificuldade de cultivo. Como já mencionamos, são plantas mais exigentes quanto à temperatura e umidade relativa do ar, ficando bastante fragilizadas quando os parâmetros fogem do ideal. Eu, volta e meia, perco algumas. Mas não desisto de cultivá-las, acho que sempre vale a pena ter estas joias vermelhas por perto.

Orquídea vermelha Sophronitis Arizona
Sophronitis Arizona

Outra orquídea famosa por seu tom escarlate único é a Slc. Tutankamen 'Pop'. A grafia parece estar errada, mas ela foi registrada assim. A sigla Slc. corresponde a Sophrolaeliocattleya, indicando que se trata de um cruzamento entre orquídeas dos gêneros Sophronitis, Laelia e Cattleya. O nome do híbrido fica a cargo da pessoa que fez e registrou o cruzamento. Neste quesito, a criatividade rola solta, resultando em orquídeas híbridas com nomes bem estranhos. Sendo assim, esta bela orquídea vermelha, com pétalas em textura coriácea e labelo aveludado, recebeu a alcunha de Tutankamen 'Pop', em referência ao faraó Tutancâmon, que governou o Antigo Egito durante a 18ª dinastia.

Orquídea vermelha Slc. Tutankamen 'Pop'
Sophrolaeliocattleya Tutankamen 'Pop'

Na minha coleção, outras duas orquídeas vermelhas, que já floresceram aqui no apartamento, também são dignas de nota: Slc. Jewel Box 'Dark Waters' e Sl. Jinn. Já as apresentei individualmente em outras ocasiões, nos respectivos artigos. A Sophrolaeliocattleya Jewel Box 'Dark Walters' é um híbrido resultante do cruzamento entre a Cattleya aurantiaca e Slc. Anzac. Dark Waters é a denominação de um dos clones desta linhagem. Outro meristema belíssimo é a Slc. Jewel Box 'Scheherazade'.

Orquídea vermelha Slc. Jewel Box 'Dark Waters'
Sophrolaeliocattleya Jewel Box 'Dark Waters'

Sophrolaelia Jinn, por sinal, é a orquídea cuja flor acabou virando o logo do blog Orquídeas no Apê. Híbrido primário resultante do cruzamento entre a Sophronitis coccinea e a Laelia milleri, outra belíssima espécie de orquídea vermelha, este exemplar está entre os favoritos da minha coleção. A planta possui um porte miniaturizado, que fica ainda menor quando comparado ao tamanho da flor, que se destaca imponente, geralmente solitária, em um tom rubro belíssimo e cintilante.

Orquídea vermelha Sl. Jinn
Sophrolaelia Jinn

Dentre as orquídeas vermelhas, também vale a pena destacar a Sc. Batemaniana, um híbrido primário antiquíssimo, registrado em 1886, em homenagem ao orquidófilo James Bateman. Sua coloração pode variar bastante entre as plantas irmãs resultantes de um mesmo cruzamento. Os pais deste híbrido são a Sophronitis coccinea e a Cattleya intermedia. Na foto abaixo, meu exemplar saiu meio pink avermelhado, mas a cor é mais vermelha pessoalmente.

Orquídea vermelha Sc. Batemaniana
Sophrocattleya Batemaniana

Contudo, nem todos os descendentes da orquídea vermelha Sophronitis coccinea são necessariamente rubros. A Sophrolaelia Orpetii, por exemplo, que é resultado do cruzamento da coccinea com a Laelia pumila, exibe um belíssimo tom de magenta, que brilha quando irradiado pela luz do sol. A Sophrolaelia Marriotiana, por sua vez, costuma apresentar interessantes tonalidades alaranjadas, com veios vermelhos. Ela é fruto do cruzamento da Sophronitis coccinea com a Laelia flava, esta última amarela. Por fim, temos a linda cor coral da Sophrolaelia Coral Orb, fruto do cruzamento com a Laelia alaorii. Embora não tenham herdado a exuberante cor vermelha, estes híbridos primários costumam apresentar alguma dificuldade de cultivo, principalmente em relação à exigência por elevados níveis de umidade relativa do ar, característica da espécie coccinea.

Já a Epiphronitis Veitchii, fruto do cruzamento da Sophronitis coccinea com o Epidendrum radicans, é um raro exemplo de híbrido primário mais resistente, de cultivo mais fácil. Neste caso, o elemento facilitador vem do gênero Epidendrum, conhecido por sua resistência a condições climáticas menos favoráveis ao cultivo de orquídeas. Este híbrido apresenta flores em um belíssimo tom vermelho alaranjado.


Por fim, é importante salientar que nem todas as orquídeas são geneticamente capazes de produzir o pigmento genuinamente vermelho. Por exemplo, jamais veremos um Dendrobium ou um Cymbidium vermelhos. Também não há, infelizmente, uma orquídea sapatinho vermelha. Embora existam algumas orquídeas Phalaenopsis que pareçam vermelhas, elas na realidade produzem um pigmento púrpura sobreposto ao amarelo, fenômeno que produz a ilusão de que suas flores são avermelhadas.

Onde comprar orquídeas vermelhas


Esta é uma questão que recebo com frequência dos leitores aqui do blog. Infelizmente, não é fácil encontrarmos orquídeas vermelhas à venda no mercado. Este é o tipo de orquídea que não veremos em floriculturas, feiras e supermercados. Mesmo em garden centers especializados, é raro encontrarmos uma orquídea desta à venda.

Minha principal recomendação é que elas sejam procuradas em exposições de orquídeas. Estes eventos sempre possuem uma área de vendas, onde é possível entrar em contato direto com os produtores. Nestas ocasiões, nem sempre é possível comprarmos orquídeas floridas, principalmente as mais raras. De modo geral, o expositor tem uma planta como amostra e vende mudas dela. É a maneira mais fácil de se comprar uma orquídea vermelha.

Além disso, existe sempre a possibilidade de comprar orquídeas pela internet. Este é um processo um pouco mais arriscado, já que se corre o risco de cair em arapucas. Como não vemos o que estamos comprando, ainda mais quando a muda não tem flores, corremos o risco de levarmos gato por lebre. Eu já comprei várias orquídeas através da internet e me decepcionei com o que recebi. Também já comprei mudas que, após anos de cultivo, produziram flores totalmente diferentes daquelas que foram anunciadas. É uma loteria.

Na realidade, a internet ainda é terra de ninguém, neste quesito, estando repleta de mitos sobre orquídeas. É comum encontrarmos anúncios inescrupulosos oferecendo sementes de orquídeas azuis, negras e vermelhas. São ofertas fraudulentas, nada disso é verdadeiro. O processo de produção e germinação de sementes de orquídeas é bastante complexo e requer a utilização de técnicas e equipamentos especializados. Ninguém sério vende sementes de orquídeas, ainda mais de exemplares que nem sempre existem na natureza, como é o caso da orquídea azul.


Como cuidar de orquídeas vermelhas


Não são plantas de fácil cultivo, já inclusive perdi vários exemplares vermelhos no passado. Esta dificuldade deve-se, em muito, à presença da Sophronitis coccinea na genealogia de grande maioria destas orquídeas vermelhas. Trata-se de uma espécie brasileira, mas que habita regiões de clima mais ameno. Além disso, é bastante exigente quanto aos níveis de umidade relativa do ar, que idealmente devem permanecer em níveis superiores a 60%. Os híbridos vermelhos dela descendentes podem apresentar uma maior resistência, mas ainda assim carregam o temperamento difícil da matriarca.

É importante frisar que, para aumentar os níveis de umidade relativa do ar, não podemos simplesmente regar a orquídea com mais frequência. Este é um equívoco que muitos iniciantes cometem. Embora sejam plantas que apreciem a umidade no ambiente, as orquídeas não toleram o substrato encharcado por muito tempo. As nuances entre estas duas condições são explicadas no artigo abaixo:


As orquídeas vermelhas preferem locais mais sombreados, com bons níveis de luminosidade indireta. Não toleram o sol pleno nem temperaturas muito altas. É comum a utilização de fontes de água próximas ao local de cultivo. Alternativamente, umidificadores de ambientes podem ser utilizados em locais muito secos, principalmente em interiores.

Devido a esta necessidade por mais umidade, é comum encontrarmos orquídeas vermelhas sendo cultivadas em vasos de plástico, que costumam reter a água do substrato por mais tempo. Os vasos de barro, geralmente recomendados para o cultivo de orquídeas, possuem uma porosidade que permite uma secagem mais rápida do material em seu interior.

Em relação ao substrato, é interessante acrescentar musgo sphagnum à mistura de materiais, para aumentar a capacidade de retenção de umidade. Este musgo pode ser acrescido à mistura clássica para epífitas, comumente composta por casca de pinus, carvão vegetal e fibra de coco. Alternativamente, há quem cultive orquídeas vermelhas, principalmente a Sophronitis coccinea, em musgo sphagnum puro. Neste caso, é aconselhável ficar atento às regas, já que este material demora mais para secar.

A adubação das orquídeas vermelhas não difere da maioria das orquídeas de maneira geral, ficando muito a critério de preferências pessoais de cada cultivador, bem como de seu estilo de cultivo. Eu, pessoalmente, costumo evitar utilizar adubos orgânicos em minhas orquídeas, devido ao fato de mantê-las em apartamento. Estes materiais orgânicos precisam se decompor para liberar os nutrientes às raízes das orquídeas, o que acaba exalando odores desagradáveis e atraindo insetos.

Considerações finais


Além destas orquídeas vermelhas que apresentei acima, possuo alguns outros híbridos nesta cor, mas nunca tive a felicidade de vê-los florescer. Cheguei, inclusive, a perder orquídeas que jamais deram flores.

As orquídeas vermelhas apresentadas neste artigo são as que já cultivei e fotografei aqui no apartamento. Além delas, podemos citar outros belíssimos híbridos rubros, tais como Blc. Bruno Bruno, Blc. Chia Lin e Cattleya Chocolate Drop (esta última não tem parentesco com a orquídea chocolate). Há casos em que a variedade da orquídea faz alusão à cor vermelha, sendo que a flor apresenta, na verdade, um tom púrpura bem fechado. É o caso da Cattleya labiata rubra.


Fora da aliança Cattleya, temos a vandácea Renanthera coccinea, com suas exuberantes e fartas hastes florais avermelhadas. Um espetáculo de orquídea vermelha.

Já escrevi aqui no blog sobre orquídeas amarelas e, inclusive, sobre a falsa orquídea azul. São plantas que despertam bastante a atenção dos leitores, mas nada se compara ao poder de sedução das orquídeas vermelhas.

Só não adquiro mais variedades porque, devo confessar, começo a achar que as disponíveis no mercado estão ficando todas muito parecidas. Ainda assim, cobiço algumas mini Cattleyas, vermelhas ou não, mas que nunca consegui encontrar nos orquidários nacionais.

Apesar da dificuldade de cultivo e da falta de oferta, as orquídeas vermelhas têm sempre um lugar de destaque nas coleções. Por fugirem daqueles tradicionais tons de púrpura e magenta com os quais estamos mais acostumados a associar as orquídeas, as vermelhas dão um toque de sofisticação e exclusividade a qualquer orquidário.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil