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Orquídea Negra - Maxillaria schunkeana


Orquídea Maxillaria schunkeana
| Maxillaria schunkeana |

As orquídeas com colorações diferenciadas, tais como as negras, vermelhas e azuis, estão sempre no centro das atenções, sendo bastante cobiçadas. Também há muita polêmica em torno destas variações cromáticas, que nem sempre são verdadeiras. Embora existam algumas espécies e híbridos popularmente chamados de orquídeas negras, sua coloração é, na verdade, composta por pigmentos em tons de vinho, púrpura, castanho e pinhão, bem fechados, cuja aparência engana nossos olhos, levando-nos a acreditar que se tratam de flores negras.

O mesmo ocorre com os antúrios negros, por exemplo. A verdade é que um pigmento verdadeiramente negro não é produzido de forma natural pelas flores. A espécie em destaque no artigo de hoje, Maxillaria schunkeana, embora popularmente chamada de orquídea negra, apresenta minúsculas flores acastanhadas, bem escuras, cuja coloração lembra a do pinhão. Olhando com atenção, em close up, percebemos os traços da coloração avermelhada, púrpura, que cobre as pétalas, sépalas e labelo desta aparente orquídea negra. De longe, é muito fácil confundir as flores desta micro orquídea com pequenas moscas.


Existem outros exemplos de orquídeas negras, mas tratam-se de híbridos produzidos através de intensivos processos de seleção e melhoramento genético. Neste contexto, a orquídea negra mais famosa é a Fredclarkeara After Dark, uma representante da subtribo Catasetinae, resultado de diversos cruzamentos entre os gêneros Clowesia, Mormodes e Catasetum. Posteriormente, diversos outros híbridos, com flores de aparência ainda mais negra, foram produzidos por orquidários americanos. Estas orquídeas negras são bastante cobiçadas pelos colecionadores, atingindo cifras vultosas no mercado brasileiro e internacional.

Muito mais acessível, genuinamente brasileira, e criada exclusivamente pelas leis da seleção natural, é a nossa orquídea negra de hoje, Maxillaria schunkeana. Ao contrário dos exemplos anteriores, que são híbridos, esta é uma espécie naturalmente encontrada nas florestas úmidas e tropicais do estado do Espírito Santo. Trata-se de uma orquídea de pequeno porte, que forma delicadas touceiras de hábito epífito, podendo ser informalmente considerada uma micro orquídea. Esta planta pertence ao mesmo gênero da famosa orquídea com aroma de coco queimado, Maxillaria tenuifolia, já apresentada aqui no blog.

Por ser uma orquídea negra de pequeno porte, com florações quase imperceptíveis, a Maxillaria schunkeana não é tão valorizada, sob o ponto de vista comercial. Sendo assim, é mais difícil encontrá-la no mercado. Como a coleta de orquídeas nativas é proibida por lei, no Brasil, os exemplares disponíveis para os colecionadores precisam ser produzidos a partir de técnicas laboratoriais, frutos da germinação de sementes de orquídeasin vitro.


Ainda assim, devido às deficiências de fiscalização, é muito comum encontrarmos esta orquídea negra sendo vendida clandestinamente, nas calçadas em frente às exposições de orquídeas, resultante da coleta ilegal de exemplares nativos.

Por ser tão exótica, de pequeno porte, e caber em qualquer lugar, esta orquídea negra pode parecer uma boa opção para quem mora em apartamentos. No entanto, este ambiente de cultivo apresenta o problema de ser seco demais. A Maxillaria schunkeana aprecia elevados níveis de umidade relativa do ar, como ocorre em seu habitat de origem. Esta micro orquídea está acostumada à vida sobre os troncos das árvores, protegida dos raios solares diretos pelas copas destas plantas. Trata-se de um ambiente típico das florestas tropicais, sombreadas, com bastante umidade e boa ventilação.

Neste contexto, os cultivadores domésticos buscam mimetizar esta condição natural, em seus ambientes. Sendo assim, é muito comum encontrarmos esta orquídea negra sendo cultivada em pedaços de madeira, troncos cortados ou cascas de árvore, com as raízes expostas, de uma forma semelhante à condição epífita vivenciada na natureza. No entanto, este modo de cultivo da Maxillaria schunkeana exige que o ambiente apresente bons índices de umidade relativa do ar, já que as raízes tendem a secar muito rapidamente. Dependendo das condições climáticas, pode ser necessário irrigar a orquídea negra várias vezes ao dia, estando ela montada neste tipo de substrato.

Para facilitar o cultivo da orquídea negra, uma alternativa interessante é recorrer ao uso de vaso e substrato. Como o objetivo é reter a umidade por um período mais prolongado, o ideal é escolher vasos de plástico, de tamanho pequeno. Os vasos de barro tendem a secar mais rapidamente, exigindo uma frequência maior de regas. Como se trata de uma micro orquídea, é importante que as dimensões do vaso sejam condizentes com o tamanho da planta. Vasos grandes demais precisam de mais substrato para serem preenchidos, o que leva a uma umidade excessiva, por um período mais prolongado, em torno das raízes da orquídea negra.


O substrato para o cultivo da Maxillaria schunkeana pode apresentar as mais diversas composições. Cada cultivador acaba escolhendo a mistura ideal para seu ambiente de cultivo e hábitos de rega. A primeira escolha, mais comumente adotada, é a clássica receita para orquídeas epífitas, composta por casca de pinus, carvão vegetal e fibra de coco. No caso da orquídea negra, como a ideia é aumentar a umidade, pode-se adicionar a este substrato básico o musgo sphagnum. Há quem prefira utilizar este material puro, principalmente no cultivo de orquídeas de menor porte.

Qualquer que seja o material escolhido, as regas da orquídea negra precisam ser efetuadas com critério. O ideal é que elas sejam espaçadas, de modo a dar tempo para que o substrato seque, entre uma irrigação e outra. A predileção da Maxillaria schunkeana por um ambiente mais úmido não se traduz em uma frequência excessiva de regas. Como toda orquídea epífita, suas raízes podem sofrer o ataque de fungos e bactérias, caso sejam mantidas úmidas por muito tempo.

O aumento dos níveis de umidade relativa do ar, principalmente dentro de casas e apartamentos, pode ser obtido com o uso de umidificadores de ambiente. Alternativamente, fontes de água, ou tanques e aquários, podem melhorar a qualidade do ar, no ambiente de cultivo desta orquídea negra. Outra solução interessante, no caso de interiores, é o uso de bandejas umidificadoras, que nada mais são do que recipientes com uma camada de areia, brita ou argila expandida, que encobre uma lâmina de água no fundo. O importante é que o vaso com a Maxillaria schunkeana não fique em contato direto com a água, apenas beneficiando-se da umidade extra que sobe por evaporação.

Esta orquídea negra não necessita de níveis intensos de luminosidade para se desenvolver e florescer. Qualquer ambiente sombreado, que receba luz difusa, indireta, é suficiente para o cultivo da Maxillaria schunkeana. Dentro de casas e apartamentos, o ideal é que a planta fique próxima a uma janela com boa iluminação, como as aberturas face norte, por exemplo. Em varandas e áreas mais ensolaradas, principalmente as de face oeste, que recebem todo o sol da tarde, é preciso que a orquídea negra seja protegida por uma tela de sombreamento ou cortina fina.


Existe uma imensa gama de métodos para fertilizar e nutrir a orquídea negra. Há aqueles cultivadores que preferem a adubação orgânica, frequentemente constituída por farinha de osso, torta de mamona ou bokashi. Por outro lado, há quem dê prioridade à adubação química ou inorgânica, do tipo NPK, contendo macro e micronutrientes. Aqui no apartamento, costumo utilizar esta última opção, por ser mais prática. Costumo alternar formulações para manutenção (níveis equilibrados de NPK) com adubos para floração (níveis maiores de fósforo, P), fazendo aplicações semanais, com metade da dose recomendada pelo fabricante. Desta forma, evito o acúmulo de sais minerais provenientes dos fertilizantes, no substrato.

Ainda que não produza aquelas vistosas cascatas de orquídeas negras, das Catasetinaes mais valiosas, dignas da mansão de Morticia Addams, a espécie Maxillaria schunkeana tem lá seu charme, sendo bastante apreciada pelos colecionadores, principalmente os apaixonados por micro orquídeas. Trata-se de uma pequena joia da flora brasileira, delicada e misteriosa, como toda orquídea negra deve ser.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil