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Orquídea Verde


Orquídea Cymbidium verde
| Orquídea Cymbidium |

Existe orquídea verde? Esta era uma das perguntas que me fazia, quando comecei a cultivar orquídeas aqui no apartamento. Mais tarde, quando finalmente encontrei uma orquídea verde pessoalmente, passei a me perguntar se aquela coloração seria natural ou artificial. Afinal, já havia feito aquela clássica experiência de colorir rosas artificialmente, além de ter ouvido sobre a polêmica orquídea azul. Como costumo receber dúvidas de leitores iniciantes, aqui no blog, resolvi dar continuidade à série que aborda as diferentes cores das orquídeas. Já falamos aqui sobre as orquídeas vermelhas e amarelas. Hoje, citaremos alguns exemplos de orquídeas verdes.

O fato é que não costumamos encontrar flores verdes ou azuis na natureza. Fazendo um esforço, a única flor naturalmente verde que me lembro de ter visto é a do lírio da paz, quando já está meio passada. Além disso, se uma pessoa deseja cultivar flores verdes, poderia optar pelas plantas suculentas, cujas folhas produzem belíssimas rosas de pedra, que duram para sempre. Mas voltando à orquídea verde...


Ao contrário do que muitos iniciantes possam imaginar, temos belíssimos exemplos de orquídeas, na coloração verde, que não são artificias. O mais interessante é que, ao encontrarmos uma orquídea verde, seja ela espécie ou híbrida, muito provavelmente estaremos diante de uma flor albina, que não possui pigmentação alguma. É o caso de alguns representantes do gênero Cattleya, por exemplo. Embora a variedade alba costume ser branca, obviamente, há muitos casos em que a ausência de pigmentação produz uma flor verde. Aqui no apartamento, já cultivei uma Cattleya bicolor que apresentava pétalas e sépalas esverdeadas, por este motivo. Apenas o labelo era magenta.

Outro caso típico de orquídea que apresenta um colorido vibrante e pintalgado, na forma tipo, mas produz flores verdes na forma alba, é a Cattleya tigrina, que também pode responder pelas nomenclaturas guttata ou leopoldii, dependendo do humor de quem a classifica. Neste caso, as pétalas e sépalas apresentam um lindo colorido verde, contrastando com um labelo branquíssimo. Embora não seja totalmente uma orquídea verde, a variedade Cetro de Esmeralda é outra forma belíssima e esverdeada desta espécie.

Estas orquídeas são mais complicadas de serem cultivadas em apartamento, já que atingem grandes proporções. Além disso, necessitam de elevados níveis de luminosidade, para que possam florescer adequadamente. Outro gênero de orquídea que produz belas flores verdes é o Catasetum. Neste caso, existem flores masculinas e femininas. O interessante é que as flores femininas, de todas as espécies, são bastante semelhantes entre si. E são, de modo geral, verdes. O Catasetum é outra orquídea que apresenta suas peculiaridades de cultivo, não sendo muito indicada para iniciantes.

No entanto, a orquídea verde que mais comumente encontramos no mercado, em floriculturas e até mesmo em feiras e supermercados, é um híbrido de alguns gêneros específicos, tais como Cymbidium, Dendrobium ou Paphiopedilum, que veremos a seguir. Embora sejam variedades produzidas pelo homem, através de diversos cruzamentos e seleção dos descendentes, são orquídeas naturalmente verdes. É importante conhecermos estes casos, para podermos diferenciá-los de orquídeas verdes coloridas artificialmente, como acontece com a Phalaenopsis, que jamais produzirá uma flor verde de forma natural.

Orquídea Cymbidium verde


Orquídea Cymbidium verde
Orquídea Cymbidium verde

A primeira orquídea verde que costuma me vir à mente é um híbrido do gênero asiático Cymbidium. Embora encontremos esta orquídea em diversas outras cores, nos pontos de venda, são as diferentes variedades esverdeadas, com labelos contrastantes, que mais me chamam a atenção. Assim como acontece com algumas variedades de Cattleya, que mencionamos acima, as pétalas e sépalas desta orquídea verde são fruto da ausência de pigmentação. É por isso que dificilmente encontramos um Cymbidium totalmente branco, como acontece com as clássicas Phalaenopsis. A orquídea Cymbidium verde apresenta tipicamente pétalas e sépalas nesta tonalidade, com o labelo branco. Esta estrutura costuma ter detalhes pintalgados, em cores como amarelo claro e vinho, conforme podemos observar nas duas fotos acima. Estas orquídeas verdes são exemplares híbridos do gênero Cymbidium.


O único porém, no caso deste belo exemplo de orquídea verde, é que muitos relatam dificuldade em cultivá-la, principalmente aqui no Brasil, onde as temperaturas são mais elevadas. A orquídea Cymbidium aprecia climas frios, com uma acentuada queda de temperatura na transição do verão para o inverno. Em muitas cidades brasileiras, é difícil simular esta variação climática, que é essencial para induzir a floração desta orquidácea. Além disso, por ser uma planta que ocorre naturalmente em locais de grandes altitudes, no continente asiático, dificilmente ela se adapta em localidades ao nível do mar.

Orquídea Cymbidium verde
Orquídea Cymbidium verde

De modo geral, a orquídea Cymbidium, verde ou não, floresce bem em cidades do sul e sudeste do país, com climas mais amenos. Aqui em São Paulo, capital, consegui boas florações dos exemplares verdes mostrados neste artigo. Em regiões mais quentes, há quem utilize o recurso de regar a planta com água gelada, à noite, para simular a queda de temperatura típica da transição verão/outono. Também podem ser acrescentadas pedras de gelo ao vaso. No entanto, nunca utilizei tais recursos e não posso atestar sua eficácia.

A orquídea Cymbidium costuma ser comercializada em vasos mais estreitos e altos, de material plástico. Embora seja terrestre, ela pode ser cultivada em substrato para epífitas, ou ainda em misturas contendo terra e matéria orgânica. É uma orquídea de fácil cultivo, desde que as condições climáticas do local sejam apropriadas.

Meu principal problema, na varanda do apartamento, são as pragas, que chegam inclementes, com o vento. Costumo ter muito problema com cochonilhas de carapaça, que fazem verdadeiras colônias no verso das folhas. Além do frio, esta é uma orquídea terrestre que aprecia elevados níveis de luminosidade, tolerando inclusive o sol direto. O Cymbidium pode ser plantado diretamente na terra, como uma planta de jardim. Neste caso, o sol pleno ajuda bastante a induzir a floração. Dificilmente uma orquídea verde deste gênero poderá florescer se cultivada dentro de casas e apartamentos. Varandas bem ensolaradas, face norte, leste ou oeste, são boas opções de ambientes para cultivar o Cymbidium.

Orquídea Denphal verde


Outra orquídea verde, que pode ser encontrada no mercado com uma relativa facilidade, é a Denphal. Também neste caso, as variedades que apresentam intensos coloridos em pink e magenta são as que fazem mais sucesso junto ao público consumidor. No entanto, particularmente, são as flores exóticas e diversificadas da orquídea Denphal verde que me encantam.

Orquídea Denphal verde
Orquídea Denphal verde

Conforme já mencionamos aqui no blog, muitos acreditam que a orquídea Denphal seja fruto do cruzamento entre Dendrobium e Phalaenopsis. No entanto, esta mistura não é possível, geneticamente falando. A Denphal nada mais é do que uma variedade híbrida de Dendrobium, resultante do cruzamento entre diferentes espécies. O apelido surgiu porque esta orquídea produz flores em forma de borboleta, ao longo de hastes, do mesmo modo que a Phalaenopsis.


Esta é uma orquídea verde que pode ser encontrada em diferentes tonalidades. Há as completamente verdes, em um tom mais claro e pastel, além daquelas que apresentam detalhes em outras cores. O exemplar da foto, que cultivei aqui no apartamento, possui belíssimas estrias em um tom bem fechado de magenta, quase vinho, mesma cor do labelo. É uma das minhas preferidas. Trata-se de uma orquídea verde com uma tonalidade tão única que até parece artificial.

Assim como o Cymbidium, a Denphal é uma orquídea cujas espécies ancestrais são provenientes do continente asiático. Portanto, como todo Dendrobium, aprecia climas mais amenos, tendo dificuldade para florescer ao nível do mar ou em localidades muito quentes. Para que uma boa floração da Denphal ocorra, é necessário aplicar o stress hídrico, procedimento através do qual as regas são drasticamente reduzidas, durante o outono e inverno, para estimular sua floração, que costuma ocorrer na primavera. Também durante este período estressante, a adubação é interrompida. Neste período, é normal que as folhas amarelem, sequem e caiam. Os pseudobulbos em forma de cana ficam completamente desfolhados e enrugados. Embora pareça que a orquídea esteja morrendo, trata-se de um fenômeno normal, que irá preparar a Denphal para a floração. Tanto as regas quanto a fertilização somente são retomadas quando os primeiros botões florais surgem.

Orquídea Sapatinho verde


Outro belíssimo exemplo de orquídea verde ocorre no gênero Paphiopedilum, mais conhecido pelo público como orquídea sapatinho. Isto porque suas flores exóticas têm a aparência de tamancos holandeses ou pantufas de senhoras. No exterior, são conhecidas como lady's slipper orchids. Aqui no Brasil, há quem utilize o carinhoso apelido orquídea sapatinho de princesa. Trata-se de uma orquídea terrestre originária da Ásia.

Orquídea sapatinho verde
Orquídea sapatinho verde

A orquídea sapatinho verde é mais difícil de ser encontrada. Um híbrido bastante difundido no Brasil é o Paphiopedilum Leeanum, que é marrom. Ele pode ser encontrado em todos os lugares, frequentemente cultivado como uma planta comum de jardim. Está tão disseminado entre os cultivadores que raramente encontramos um exemplar à venda. Este é o tipo de orquídea sapatinho que produz mudas em abundância, formando grandes touceiras, que podem ser divididas e repartidas entre amigos e familiares.

Já a orquídea verde deste gênero, mais uma vez, é alguma forma alba de espécies originalmente mais coloridas. O híbrido Paphiopedilum Maudiae Green, apresentado na foto acima, foi fotografado em uma exposição de orquídeas. Trata-se de um belo exemplo de orquídea sapatinho verde, bastante apreciado entre os colecionadores. Como mencionamos anteriormente, este é o tipo de orquídea que não encontramos em floriculturas, feiras ou supermercados. O mais indicado é procurar por ela nas áreas de vendas, em exposições especializadas, tratando diretamente com os produtores. Infelizmente, esta não é das orquídeas mais baratas.

A orquídea sapatinho, verde ou não, é uma excelente opção para quem cultiva suas plantas em apartamento ou dentro de casas e escritórios. Isso porque esta planta é capaz de florescer em ambientes internos, com menos luminosidade. Tudo o que este tipo de orquídea necessita é de um ambiente bem ventilado, com luminosidade indireta vinda de uma janela próxima. Suas raízes costumam se apoiar sobre a camada de húmus que se forma no chão das florestas, em seu habitat de origem. Por esta razão, os cultivadores costumam utilizar uma mistura de materiais, como substrato para a manutenção desta orquídea. Entre os elementos utilizados, estão a terra vegetal, casca de pinus, carvão vegetal, fibra de coco, musgo sphagnum e perlita.

Outras variedades de orquídeas verdes


Os exemplos acima mencionados são os mais clássicos casos de orquídea verde, que já tive a oportunidade de cultivar ou fotografar. Claro que existem muitos outros. Há, inclusive, exemplares coloridos artificialmente, da mesma maneira que é produzida a Phalaenopsis Blue Mystique. O importante é notar que as orquídeas naturalmente verdes são, de modo geral, versões com ausência de pigmentação, deixando à mostra a coloração verde do tecido vegetal.


Para encerrarmos este artigo, trago um último exemplo, bem menos conhecido, de orquídea verde. Trata-se da espécie terrestre Paradisanthus micranthus. O nome do gênero é uma forma latinizada da expressão flor do paraíso.

Orquídea Paradisanthus micranthus
Paradisanthus micranthus

Dentre todas as orquídeas verdes apresentadas neste artigo, esta é a menor e mais delicada. Suas pétalas e sépalas apresentam uma tonalidade bem pálida de verde, com o labelo branco. A textura é firme e a superfície brilhante. Estas estruturas têm pequenas marcações em vinho e lilás, como que sutilmente pinceladas à mão.

Orquídea Paradisanthus micranthus
Paradisanthus micranthus

Trata-se de uma mini orquídea menos conhecida do público, raramente comercializada, cujas flores não são consideradas importantes, do ponto de vista ornamental. Ainda assim, faço questão de mencioná-la, por ser uma espécie genuinamente brasileira, originária da Serra do Mar, além de um belíssimo exemplo de orquídea verde, que deveria ter mais destaque nas coleções.

O cultivo desta orquídea verde não é muito simples. Diferente da maioria das orquídeas epífitas encontradas nas florestas tropicais, esta espécie habita o chão das florestas, tendo suas raízes apoiadas sobre o húmus. Portanto, o ideal é que o substrato seja composto por terra rica em matéria orgânica, acrescida de elementos que propiciem uma boa aeração e evite a compactação, tais como casca de pinus, fibra de coco e carvão vegetal. Esta orquídea aprecia níveis elevados de umidade relativa do ar e precisa ser protegida do sol direto. Um ambiente sombreado, mas com boa luminosidade difusa, é o ideal para mantermos esta bela e delicada orquídea verde.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil