Orquídeas no Apê
MENU

Orquídeas

Suculentas

Cactos

Plantas Ornamentais
Orquídeas no Apê
DESTAQUES

Espécies de Suculentas

Espécies de Orquídeas

Espécies de Cactos

Espécies de Plantas Ornamentais

Suculentas de Sombra Orquídeas de Sombra

Suculentas de Sol Pleno Orquídeas de Sol Pleno

Fotos de Orquídeas Fotos de Suculentas

Orquídeas no Apê

Orquídea Vanilla, a mãe da baunilha

Orquídea Vanilla
| Orquídea Vanilla |

Ainda é comum que a muitos passe despercebido o fato de que a especiaria baunilha, há séculos utilizada na gastronomia mundial, por seu aroma único e agradável, é na verdade extraída de orquídeas do gênero Vanilla. A principal espécie responsável pela produção comercial da baunilha é a Vanilla planifolia, nativa do México e conhecida no exterior como flat-leaved vanilla, ou Vanilla de folhas planas. Ao contrário da vasta maioria das orquídeas cultivadas devido às características ornamentais de suas flores, a Vanilla é valorizada devido ao produto de seus frutos em forma de vagem.

Dentre os milhares de representantes da família Orchidaceae, a Vanilla é a única largamente utilizada na indústria, especificamente na produção de aromatizantes para os segmentos alimentício e cosmético. Além do seu mais famoso uso culinário, a baunilha também entra na composição de inúmeras fragrâncias icônicas em todo o mundo, sendo bastante utilizada pelos perfumistas.


O gênero Vanilla é bastante antigo e foi formalmente descrito em 1754. O termo vanilla é uma forma latinizada da palavra vaina, que em espanhol significa cápsula ou vagem. Vanilla, no diminutivo, portanto, faz referência a uma pequena vagem, o fruto no interior do qual desenvolvem-se as sementes desta orquídea. É esta estrutura botânica que corresponde à famosa fava da baunilha.

A origem da orquídea Vanilla e suas várias espécies é controversa. No entanto, acredita-se que esta planta tenha sido domesticada no México, tendo sido bastante popular no auge do Império Asteca. Atualmente, a maior parte da produção comercial desta orquídea ocorre na ilha de Madagascar, embora também possa ser encontrada nas ilhas do Pacífico, bem como nas Américas Central e do Sul.

Os colonizadores espanhóis foram os responsáveis por levar a baunilha à Europa, de onde espalhou-se por todo o mundo como uma das mais caras especiarias, ao lado do açafrão. Deste ponto em diante, a orquídea Vanilla passou a ser extensivamente cultivada em diversas regiões tropicais do mundo, com fins comerciais.

Assim como as orquídeas dos gêneros Phalaenopsis e Vanda, a Vanilla apresenta um crescimento monopodial. Isto significa que a planta se elonga a partir de um único ponto apical, não emitindo pseudobulbos sequenciais, como as orquídeas de crescimento simpodial fazem. Um caso típico de orquídea com crescimento simpodial é a Cattleya. Além disso, a orquídea Vanilla apresenta o diferencial de se desenvolver como uma planta trepadeira. Seu caule vai se tornando cada vez mais comprido, podendo atingir mais de 30 metros.


As raízes da orquídea Vanilla estão adaptadas à vida sob o solo. Desta forma, ao contrário da grande maioria epífita, a planta responsável pela produção da baunilha é uma orquídea terrestre., assim como o Cymbidium e a Arundina, a orquídea bambu. Ainda assim, inúmeras raízes aéreas são produzidas ao longo de seu caule cilíndrico, agarrando-se aos troncos das árvores, utilizados como suporte.

Ainda que relegadas a um segundo plano, as flores da orquídea Vanilla são bastante ornamentais, apresentando uma gama de colorações em tons pastel, variando entre o branco, creme, amarelado e esverdeado, dependendo da espécie. Além de belas, estas flores costumam exalar um perfume adocicado.

Embora não tenham parentesco próximo com a Vanilla, algumas orquídeas do gênero Oncidium também são famosas por seus aromas adocicados, que lembram a baunilha. Uma delas é conhecida como orquídea chocolate, cujo nome científico é Oncidium Sharry Baby 'Sweet Fragrance'. Outra orquídea bastante aromática é o Oncidium Twinkle, em suas diferentes versões de cores.

No caso específico da orquídea Vanilla, a principal substância química responsável pelo odor característico de suas flores e frutos é a vanilina, um composto pertencente ao grupo dos aldeídos fenólicos, elementos bastante aromáticos, comumente presentes em vinhos e conhaques.


Graças ao estudo e identificação da vanilina, atualmente é possível produzir aromatizantes sintéticos com odores e sabores inspirados na baunilha. Estas substâncias substituem o extrato natural das favas da orquídea Vanilla e são predominantemente utilizadas na indústria cosmética e alimentícia. Por esta razão, o aroma natural de baunilha é, ainda nos dias de hoje, uma especiaria bastante valorizada e difícil de ser encontrada.

Para que a vagem ou cápsula de sementes seja formada, as flores da orquídea Vanilla precisam ser polinizadas por determinados agentes, abelhas ou beija-flores, que somente existem nos habitats originais de cada  espécie. Outro fator que torna este processo complicado e de difícil ocorrência é que as flores da Vanilla somente duram um dia. Elas desabrocham pela manhã e já se fecham à tarde, encerrando seu ciclo de vida. Por esta razão, as plantações comerciais de orquídea Vanilla precisam ser polinizadas manualmente, por seres humanos, através de uma técnica específica. Apenas assim, o extrato natural de baunilha poderá ser obtido a partir da coleta das favas formadas através deste procedimento artesanal, nove meses após a polinização manual.

Todo este trabalho requer mão de obra especializada e um monitoramento constante das florações, que ocorrem sequencialmente e duram poucas horas. Este motivo, aliado ao fato de os aromatizantes artificias à base de vanilina não reproduzirem exatamente a essência da baunilha natural, fazem com que esta especiaria seja bastante cara, ainda nos dias de hoje.

Para quem quiser tentar cultivar a orquídea Vanilla em casa, é importante saber que a planta somente floresce quando está bem madura. Seu crescimento leva anos e as flores somente poderão ser obtidas quando a orquídea já tiver vários metros de comprimento. As regas precisam ser frequentes durante o período de maturação da Vanilla, devendo ser reduzidas por algumas semanas no período que antecede a floração.


A luminosidade para o crescimento e floração da orquídea Vanilla precisa ser intensa. No entanto, o sol direto deve ser evitado. O ideal é que a luz seja filtrada por uma tela de sombreamento. Além disso, devido ao hábito de trepadeira da planta, troncos de árvores ou suportes de madeira precisam estar disponíveis, para que os caules e raízes aéreas se fixem ao material, auxiliando no crescimento e maturação da orquídea.

As demais condições são comuns ao cultivo da maioria das orquídeas. A umidade relativa do ar precisa ficar em níveis superiores a 60%, para que um desenvolvimento saudável e livre de pragas ocorra. A Vanilla precisa ser cultivada em um ambiente com adequada ventilação, o que também evita o surgimento de doenças fúngicas e bacterianas. Além disso, uma correta adubação precisa ser aplicada, em diferentes formulações, apropriadas para as etapas de crescimento, manutenção e floração da orquídea.

Ainda que as flores não surjam, ou que não seja possível extrair baunilha de suas cápsulas de sementes, a orquídea Vanilla é tão emblemática e repleta de significados que vale a pena cultivar um exemplar, mesmo que ele não atinja as gigantescas proporções dos indivíduos produzidos na natureza ou em estufas comerciais. Trata-se de uma belíssima e diferente adição à coleção de todo amante de orquídeas.

Publicado em: | Última atualização:





Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil