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Terrário de Suculentas | Dicas e Cuidados


Terrário de Suculentas
| Terrário de Suculentas |

Bastante em voga na decoração de interiores, os terrários proporcionam uma forma simples e prática de se cultivar plantas dentro de casas e apartamentos. Construídos da maneira correta, estes aparatos podem abrigar, até mesmo, uma coleção de mini suculentas. A seguir, daremos uma série de dicas para a construção de um terrário de suculentas, com os procedimentos necessários para a sua manutenção, ao longo do tempo.

É batata. Qualquer arranjo envolvendo plantas suculentas fica lindo, no início, apenas. Com o passar dos dias, a depender das condições de cultivo, as coitadas começam a ficar finas e compridas, em busca de mais luz. Em pouco tempo, o conjunto fica todo desfigurado, com as plantas feias e desordenadas.


Neste sentido, um terrário de suculentas requer uma série de cuidados adicionais, em comparação à manutenção destas plantas em vasos. Por não possuir furos no fundo, os terrários tornam-se uma forma de cultivo mais desafiadora, principalmente no caso de suculentas.

Ainda que sejam elementos decorativos bastante contemporâneos, os terrários têm uma origem antiga. Eles são descendentes das Wardian cases, aparatos inventados no século XIX, na Europa, que tinham como objetivo propiciar o cultivo de plantas ornamentais exóticas, particularmente as espécies recém-chegadas das regiões tropicais do Novo Mundo, dentro das residências dos aristocratas.

A Wardian case, precursora dos terrários modernos, foi inventada pelo médico inglês Nathaniel Bagshaw Ward, que nutria uma grande paixão pela botânica. Sua coleção particular abrigava mais de 25 mil espécies de plantas. Inicialmente, o invólucro tinha como objetivo proteger os vegetais da crescente poluição no centro de Londres. Posteriormente, estes utensílios foram bastante utilizados nos longos transportes de plantas por via marítima.


Os primeiros terrários eram estruturas construídas em madeira, com paredes de vidro, cuja aparência se aproximava à de uma cristaleira. Por serem totalmente fechados, estes móveis permitiam a conservação da umidade em seu interior, mimetizando o ciclo da água na natureza, que se evapora e se liquefaz alternadamente, ad infinitum.

Atualmente, os terrários são compostos, basicamente, por diferentes recipientes de vidro, nos mais diversificados tamanhos e formatos. É possível construir terrários em potes de conservas, aquários, copos e, até mesmo, lâmpadas. As vidrarias de laboratório, tais como beckers, provetas, balões e erlenmeyers, também funcionam como excelentes recipientes para a construção de terrários.

No entanto, no caso de um terrário de suculentas, o ideal é que o recipiente não seja completamente fechado. Como os diferentes gêneros e espécies de plantas suculentas são originários de regiões de clima árido ou semiárido, os elevados níveis de umidade relativa do ar, comumente presentes no interior dos terrários fechados, podem levar ao rápido apodrecimento destas plantas.


Sendo assim, é importante que os terrários escolhidos para o cultivo de suculentas sejam construídos em recipientes de vidro que possuam uma abertura ampla na parte superior, capaz de permitir a fácil evaporação da água contida em seu interior.

Além disso, como as suculentas costumam necessitar de mais luminosidade, é importante que o vidro do terrário seja resistente, capaz de resistir à incidência de luz solar e às constantes alterações na temperatura do material.

Ainda em relação à luminosidade, é fundamental que o terrário de suculentas seja composto por espécies com as mesmas necessidades de iluminação. Como bem sabemos, existem suculentas de sombra e suculentas de sol pleno. Neste contexto, é importante construir terrários temáticos, com espécies de suculentas que compartilhem as mesmas preferências climáticas, em termos de níveis de insolação e umidade relativa do ar, entre outros fatores pertinentes.


Também é fundamental prestar atenção ao porte que cada espécie de suculenta é capaz de atingir, à medida que se desenvolve. Plantas mais compactas tendem a exigir menos manutenção, ajudando a conservar o conjunto harmonioso, por um período de tempo mais prolongado, sem que uma intervenção mais radical seja necessária.

Um típico terrário de suculentas de sombra, por exemplo, ficaria perfeito com as espécies Haworthia retusa e Haworthia limifolia, que formam rosetas pequenas e compactas. Além disso, seu crescimento é mais lento, dispensando a necessidade de podas e replantes constantes. Ainda neste gênero, temos outras excelentes opções de suculentas bem comportadas, tais como a Haworthia attenuata e Haworthia coarctata. Visualmente semelhante, mas pertencente a outro gênero botânico, a suculenta conhecida como rabo de tatu, Aloe aristata, é outra planta ideal para a composição de um charmoso terrário de suculentas.

Ainda nesta composição, podem entrar as diferentes espécies e híbridos pertencentes ao gênero Gasteria. São suculentas pequenas, compactas e de crescimento lento, capazes de adicionar interesse e beleza a qualquer arranjo. As suculentas pendentes colar de pérolas, Senecio rowleyanus, e colar de rubi, Othonna capensis, por outro lado, têm a capacidade de formar delicados tapetes quando cultivadas no interior de um terrário.


Recipientes maiores podem ficar fantásticos com as rosetas compactas e bem comportadas da mini espada de São Jorge, Sansevieria trifasciata 'Hahnii', em suas diferentes formas, variegata ou tipo. A suculenta Portulacaria afra também é uma boa opção para um terrário aberto, por possuir folhas pequenas e delicadas, ao longo de caules bastante ramificados. Ainda que possa atingir grandes dimensões, na fase adulta, a espécie Crassula ovata, conhecida como planta jade, e suas versões apelidadas de orelhas de Shrek, também são ótimas alternativas para este tipo de ambiente, se nele forem cultivadas durante sua fase juvenil.

Já as espécies que requerem várias horas de sol pleno para seu bom desenvolvimento ficam melhor acomodadas em uma bacia de suculentas, já apresentada anteriormente, aqui no blog. Esta configuração é capaz de tolerar melhor a incidência direta da radiação solar, por um período mais prolongado, sem que as plantas sofram maiores consequências. Dentro de um recipiente de vidro, existe o risco de as suculentas sofrerem queimaduras, devido às altas temperaturas que este material pode atingir, quando exposto ao sol. Também existe o risco de as superfícies curvas atuarem como lentes de aumento, potenciando a radicação incidente sobre as plantas.

Por fim, em um terrário de suculentas que apreciem sol pleno, a evaporação é mais intensa, o que torna a manutenção mais complicada, já que regas mais frequentes seriam necessárias. Sem a drenagem no fundo, este recipiente teria mais chances de acumular o excesso de água proveniente das irrigações, o que arruinaria a saúde das raízes das plantas nele contidas.


Para minimizar este tipo de problema, é necessário que o terrário de suculentas seja construído da forma correta. No fundo do recipiente de vidro, a adição de uma camada de carvão ativado granulado, geralmente utilizado em filtros de aquários, ajuda a absorver o excesso de água das regas, ao mesmo tempo em que proporciona um ambiente mais aerado, menos compactado, no fundo do terrário, evitando que o substrato permaneça encharcado por muito tempo.

Por cima deste material, uma camada adicional de pedrisco ajuda a manter o carvão vegetal separado do solo de cultivo propriamente dito. A construção destas camadas, com cores, texturas e materiais diferentes, também fornece um interessante elemento ornamental ao ecossistema.

No nível seguinte, acima do pedrisco, é interessante posicionar uma manta geotêxtil, que tem a função de impedir que o solo desça e se misture às camadas inferiores. Este tecido também ajuda a reter as raízes das plantas suculentas, que ficam restritas e confinadas à área do substrato. Este, por sua vez, é colocado por cima da manta. É interessante que ele seja composto por um material bem aerado, pouco compactado, e mais arenoso. Esta condição é facilmente alcançada através da mistura de terra vegetal e areia grossa de construção, em partes iguais. Deve-se evitar o uso de areia da praia, que contém elevados níveis de salinidade, prejudiciais ao desenvolvimento das raízes.


Nesta etapa, também podem ser utilizados substratos prontos, próprios para o cultivo de cactos e suculentas, à venda em lojas de jardinagem. Embora seja comumente utilizada, a camada final de pedrisco branco, por cima do substrato, pode ser dispensada. Este material tem função meramente decorativa e pode dificultar a evaporação da água, mantendo o solo úmido por mais tempo.

Já a utilização de pequenas rochas isoladas, entremeadas por suculentas, ajuda na construção de um ambiente de inspiração desértica, remetendo-nos a um cenário de jardins rochosos, sobre solos arenosos.

Em relação à manutenção, o importante é que o terrário de suculentas fique posicionado em um local com bastante luminosidade indireta, sem a incidência de sol pleno, principalmente durante as horas mais quentes do dia. Também é crucial que o recipiente receba uma boa circulação de ar, que ajuda a evitar o excesso de umidade ao redor as plantas. Além disso, o correto arejamento mantém o sistema mais protegido contra o ataque de pragas.


O ponto que talvez seja o mais crítico, na manutenção de um terrário de suculentas, refere-se à frequência das regas. Em um terrário, a água deve ser introduzida de forma bem esporádica. Deve-se evitar derramar um jato forte de água sobre a terra. O ideal é borrifar apenas as laterais do recipiente, deixando que a água escorra delicadamente pelo vidro. As folhas das suculentas, em geral, não necessitam receber água diretamente, sobre suas superfícies. Apenas as raízes devem ser umedecidas, de tempos em tempos.

Deve-se evitar que o excesso de água das regas fique acumulado no fundo do terrário de suculentas, por um período prolongado de tempo. Também é importante que se deixe um bom espaçamento entre as regas. Uma nova irrigação somente deve ser feita quando o solo estiver completamente seco. Sendo o terrário transparente, é fácil perceber quando o substrato está seco, através da alteração na cor do material, que fica mais claro.

Um terrário aberto de suculentas também é um excelente local para se estabelecer um berçário destas plantas. Basta dispor cuidadosamente as folhas destacadas dos indivíduos adultos sobre a superfície do substrato. Neste caso, é importante manter o solo levemente úmido, nunca encharcado. Um excelente material para este fim é o musgo sphagnum, que pode ser posicionado diretamente no fundo de um recipiente raso de vidro, dispensando as camadas de drenagem. Neste caso, também é fácil perceber quando o substrato seca, através da alteração na sua cor. Além disso, o sphagnum contém algumas substâncias que dificultam a proliferação de bactérias, de modo que a ocorrência de contaminação e apodrecimento das folhas de suculentas é menor.


Da mesma forma que as regas, a adubação do terrário de suculentas deve ser feita com parcimônia. Existe o risco de o excesso de fertilizantes se acumular no solo, aumentando drasticamente os níveis de salinidade no material, o que é prejudicial ao desenvolvimento das raízes.

Como o terrário de suculentas é um elemento decorativo que costuma ser mantido dentro de casas e apartamentos, o ideal é dar preferência ao adubo inorgânico, do tipo NPK, com macro e microelementos. Existem formulações próprias para o cultivo de cactos e suculentas, à venda em lojas especializadas. No caso dos adubos orgânicos, há o risco de que o material em decomposição acabe exalando odores desagradáveis, além de potencialmente atrair insetos indesejáveis ao ambiente de convívio.

Como uma medida de segurança, o ideal é utilizar apenas metade da dose indicada pelo fabricante do fertilizante. A adubação deve ser realizada uma vez por mês, apenas durante os períodos do ano em que as plantas estão com o metabolismo mais ativo. Durante as fases de dormência, que variam de espécie para espécie, não é necessário fornecer fertilizantes. Vale sempre lembrar que as plantas suculentas, em seu habitat original, estão adaptadas à vida com pouca oferta de água e nutrientes, de modo que uma adubação muito intensa ou elaborada é dispensável.


Por fim, ainda que todos os cuidados sejam tomados, chega sempre um momento em que as plantas crescem demasiadamente, em relação ao tamanho do recipiente, de modo que o terrário de suculentas precisa ser refeito. Algumas espécies podem demandar uma poda de manutenção, outras, por terem ficado muito pescoçudas, podem precisar de uma poda drástica, também chamada de decapitação. Embora seja um processo trabalhoso, este é um bom momento para tirar mudas das suculentas, propagar as espécies favoritas, construir novos arranjos e cenários, adicionar plantas novas à coleção, enfim, dar asas à criatividade.

Este é um momento lúdico, um processo que inexiste no cultivo de suculentas em vasos individuais. Assim como acontece quando montamos uma bacia de suculentas, construir um terrário com estas plantas é uma excelente oportunidade de dar uma cara totalmente única e personalizada à coleção, explorando as infinitas combinações de cores, formas e texturas que estas pequenas esculturas vivas são capazes de nos presentear.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil