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Orquídea Cattleya loddigesii


Orquídea Cattleya loddigesii
| Cattleya loddigesii |

Muito embora, em um primeiro momento, as diversas espécies de orquídeas pertencentes ao gênero botânico Cattleya sejam bastante parecidas entre si, cada qual exibe traços marcantes e individuais, como se tivessem personalidades distintas. A estrela do artigo de hoje, por exemplo, Cattleya loddigesii, é conhecida por produzir flores de excelente armação, muito simétricas e arredondadas. Esta qualidade faz com que a espécie seja frequentemente utilizada em processos de hibridização, com o intuito de obter orquídeas cada vez mais perfeitas, do ponto de vista técnico.

Neste contexto, infelizmente, existem produtores inescrupulosos que fazem cruzamentos da Cattleya loddigesii com orquídeas de outras espécies, geralmente mais valiosas, tais como a Cattleya walkeriana, visando a obtenção de exemplares híbridos de excelente forma e armação. O problema é que, nem sempre, a origem da planta é explicitada, sendo que muitos híbridos acabam sendo comercializados como se fossem espécies puras e perfeitas, por valores exorbitantes.


Tecnicamente, a orquídea resultante do cruzamento entre Cattleya loddigesii e Cattleya walkeriana é um híbrido primário, que pode ocorrer na natureza, cujo nome científico é Cattleya x dolosa. Devido ao vigor híbrido ou heterose, este descendente miscigenado costuma apresentar uma forma superior à de seus progenitores. O que se costuma fazer, de forma mascarada, é um retrocruzamento deste híbrido com a Cattleya walkeriana, de modo que a progênie acaba adquirindo uma aparência mais semelhante à da espécie pura, sendo comercializada como tal, para consumidores desavisados.

Outra polêmica que frequentemente envolve a Cattleya loddigesii é a confusão desta espécie com a Cattleya harrisoniana. Embora muito parecidas, estas duas orquídeas apresentam algumas características distintivas. A principal delas refere-se ao fato de a Cattleya loddigesii produzir sua inflorescência a partir de uma espata, folha modificada que protege os botões florais, cuja aparência é ressecada. Já a Cattleya harrisoniana costuma emitir os botões a partir de espatas ainda verdes, que é a situação mais comumente observada nas orquídeas. Além disso, existem pequenas diferenças nas morfologias apresentadas pelas flores destas duas espécies de Cattleya.

Uma outra forma de se fazer a distinção entre estas orquídeas é através de suas épocas de floração. A Cattleya loddigesii é conhecida por produzir flores em uma época na qual grande parte das plantas encontra-se em dormência, nos meses mais frios do ano, durante o outono e inverno. Já a Cattleya harrisoniana produz seu pico de floração na estação diametralmente oposta, o verão, entre os meses de dezembro e fevereiro.


As flores da Cattleya loddigesii costumam ser produzidas sob a forma de inflorescências, contendo de 2 a 7 exemplares. A forma tipo, mais comumente encontrada na natureza, e utilizada para a realização da descrição inicial da espécie, é aquela com flores rosadas, em um tom geralmente mais claro. No entanto, também existem as variedades alba e caerulea, entre outras formas de colorido diferenciado.

A Cattleya loddigesii foi assim nomeada em homenagem ao botânico inglês Joachim Conrad Loddiges, de ascendência alemã. Trata-se de uma espécie tipicamente brasileira, que ocorre predominantemente nos estados do sul e sudeste brasileiro. Também há registros de sua ocorrência natural em localidades do Paraguai e Argentina. Sendo assim, esta é uma orquídea que aprecia temperaturas mais amenas.

Trata-se de uma orquídea de hábito epífito, adaptada à vida sobre os troncos das árvores, em matas úmidas e sombreadas. A Cattleya loddigesii faz parte de um grupo composto por orquídeas cujos pseudobulbos são finos e elongados, portando duas folhas em seus ápices. São as chamadas Cattleyas bifoliadas, tais como a Cattleya bicolor e Cattleya forbesii, já apresentadas aqui no blog. Por outro lado, a Cattleya labiata é um exemplo típico de Cattleya unifoliada, conhecida por apresentar um pseudobulbo mais espesso e roliço, portando apenas uma folha em sua extremidade.

A Cattleya loddigesii desenvolve-se melhor quando cultivada da forma mais próxima àquela em que se encontra na natureza. Idealmente, a condição certa de cultivo desta orquídea epífita seria em troncos de árvores vivas. Como nem sempre isto é possível, os cultivadores costumam recorrer a placas de madeira, pedaços de troncos ou cascas de árvores, com o intuito de fornecer um apoio para a fixação das raízes, sem que estas fiquem abafadas dentro de um vaso. Cachepots vazados de madeira ou leques feitos com o mesmo material também são bastante utilizados.


No entanto, este tipo de cultivo requer elevados níveis de umidade relativa do ar, além de um regime de regas frequentes. Com o intuito de facilitar a rotina de cultivo, principalmente no caso da Cattleya loddigesii, que possui pseudobulbos mais delgados, podemos recorrer a vasos com substratos, desde que sejam feitos de materiais bem aerados, que propiciem uma excelente ventilação para as raízes da orquídea.

O vaso ideal para o cultivo da Cattleya loddigesii é aquele de barro ou terracota, mais largo e raso, com furos nas laterais. Existem modelos específicos para o cultivo de orquídeas epífitas. O vaso de plástico, por outro lado, oferece a vantagem de ser mais leve, podendo ser pendurado, sem maiores problemas. Contudo, por reter a umidade do substrato por um período mais prolongado, a frequência das regas deve ser ajustada de acordo.

O substrato clássico para o cultivo de orquídeas epífitas, tais como a Cattleya loddigesii, é aquele composto por casca de pinus, carvão vegetal e fibra de coco. O ideal é adquirir misturas prontas, à venda em lojas especializadas e garden centers, uma vez que este material já é tratado para a remoção do excesso de tanino presente na madeira. Alternativamente, há cultivadores que dão preferência à brita pura ou à casca de macadâmia.

A frequência das regas não pode obedecer a um calendário fixo. Cada local de cultivo, estação do ano ou tipo de substrato vai requerer um regime personalizado de irrigações. Como uma regra geral, a rega somente deve ser efetuada quando o substrato já estiver bem seco. O excesso de umidade junto às raízes da Cattleya loddigesii é um fator altamente prejudicial. Na natureza, estas estruturas estão em contato permanente com a água das chuvas, da umidade ambiente e do orvalho da madrugada. No entanto, por estarem livres de vasos e substratos, têm a oportunidade de secar muito rapidamente, o que nem sempre ocorre no ambiente doméstico de cultivo.

Um fator essencial para que a Cattleya loddigesii se desenvolva bem e floresça é a luminosidade. Esta é uma orquídea que aprecia uma iluminação abundante, porém sem sol direto. Na natureza, a planta está habituada à vida sob a sombra proporcionada pelas copas das árvores. O ideal é que a luz do sol seja filtrada por uma tela de sombreamento, capaz de reter 50% da luminosidade incidente sobre a planta. Desta forma, as folhas da Cattleya loddigesii irão adquirir um tom claro de verde, semelhante ao da alface. Caso as folhas e pseudobulbos estejam com uma coloração muito escura, é sinal de que falta luz para a orquídea. Por outro lado, quando as folhas começam a ficar amareladas, pode ser sinal de que há luz em excesso. Neste caso, manchas amarronzadas e concêntricas podem surgir, como uma indicação de que houve uma queimadura causada pelo sol direto.


Por fim, igualmente importante para uma boa floração da Cattleya loddigesii é a adubação. Ela deve suprir os diferentes requisitos apresentados por cada fase do desenvolvimento da orquídea. Existem opções orgânicas ou inorgânicas, popularmente chamadas de adubos químicos. Aqui no apartamento, costumo dar preferência às fórmulas inorgânicas, do tipo NPK, com macro e micronutrientes, por uma questão de praticidade. De modo geral, alterno formulações de manutenção, que apresentam níveis equilibrados de NPK, com aquelas mais ricas em fósforo, desenvolvidas para estimular a floração das orquídeas. Costumo fazer aplicações semanais, alternando estes dois tipos de fertilizante, utilizando metade da dose recomendada pelo fabricante.

Ainda que não possua o séquito de apreciadores apresentado por outras espécies de orquídeas, a Cattleya loddigesii é uma planta de beleza única, extremamente resistente e de fácil cultivo. Além disso, trata-se de uma espécie bastante florífera, que pode chegar a dar flores duas vezes por ano, ao contrário de grande parte das orquídeas, que floresce apenas em uma única estação. Para quem aprecia a aparência clássica e simétrica de uma Cattleya, a espécie loddigesii é uma excelente opção.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil