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Flor de Cera - Hoya carnosa


Suculenta Hoya carnosa
| Hoya carnosa |

Embora as fotos da flor de cera deem sempre a impressão de que se trata de uma esfera vazada, recoberta por flores brancas, em forma de estrela, a verdade é que esta inflorescência possui o formato de um guarda-chuva ou paraquedas, cujo termo botânico é umbela. A Hoya carnosa é outro belo exemplo no qual a planta é mais famosa pela beleza e exotismo de suas flores, com aspecto ceroso, do que pela suculência de suas folhas. Embora nem todos se lembrem, a flor de cera é uma planta suculenta bastante resistente, de fácil cultivo, apresentando apenas o pequeno defeito de crescer muito lentamente.

O gênero Hoya pertence à família botânica Apocynaceae, tendo sido assim nomeado em homenagem ao botânico inglês Thomas Hoy. A flor estrela ou cacto estrela, cujo nome científico é Stapelia hirsuta, também faz parte da mesma família da flor de cera. Apesar do nome popular, a Stapelia não é uma cactácea. Outra representante bastante famosa do gênero Hoya é a Hoya kerrii, também conhecida como cacto coração. É importante não confundi-la com outra planta suculenta com folhas em forma de coração, a Ceropegia woodii, cujo apelido é corações emaranhados, também pertencente à mesma família botânica. A Hoya kerrii é aquela planta suculenta frequentemente comercializada como uma única folha, em forma de coração, espetada em um vasinho.


Em países de língua inglesa, a flor de cera é conhecida como wax plant, planta de cera. Também há quem a chame de porcelain flower, flor de porcelana. A Hoya carnosa é uma espécie de planta suculenta, com hábito de trepadeira, nativa da Ásia e Austrália. Ela pode ser encontrada nativamente em países como Índia, China, Malásia, Vietnam, Japão e Ilhas Fiji. Devido à sua resistência, facilidade de cultivo e grande adaptabilidade a ambientes internos, a flor de cera tornou-se popular como planta ornamental, em todo o mundo. Ao longo dos mais de duzentos anos nos quais a flor de cera vem sendo mantida, no cultivo doméstico, inúmeros novos cultivares vêm sendo desenvolvidos, trazendo inovação e diversidade a esta bela espécie botânica.

A porção vegetativa da flor de cera é caracterizada por longos e finos caules, que vão emitindo raízes aéreas, à medida que se desenvolvem, aderindo-se aos troncos das árvores ou a qualquer outro suporte que esteja à disposição. Quando bem cultivada, a Hoya carnosa pode atingir grandes dimensões, com seu caule em forma de cipó podendo alcançar mais de cinco metros de comprimento.

Existem belíssimas variedades de flor de cera, tais como aquela que apresenta as folhas retorcidas, organizadas de forma bastante compacta. Trata-se do cultivar Hoya carnosa “Krinkle Kurl”, também conhecida como hindu rope plant. Isto porque sua aparência lembra a de uma corda trançada. Hindu rope significa corda indiana, em inglês. Trata-se de uma mutação da flor de cera original, cujo aspecto torna-se completamente diferente, devido às ondulações em suas folhas suculentas. Há ainda quem considere esta forma retorcida de flor de cera uma outra espécie, Hoya compacta.


Menos polêmica é a versão variegata da Hoya carnosa, cujas folhas mesclam tonalidades de verde escuro e amarelo claro, por vezes creme ou quase branco. Estas variações de flor de cera, com cores ou formatos diferentes, acabam produzindo folhagens tão ornamentais que nem precisariam florescer, para fazerem sucesso na decoração de interiores. A folhagem da flor de cera fica belíssima em vasos suspensos, cultivada com seus caules pendentes. Alternativamente, pode-se guiá-la como uma trepadeira, com a ajuda de treliças.

Ainda que sua folhagem seja bastante ornamental, a floração da Hoya carnosa é, sem dúvida, a cereja do bolo, para os jardineiros. As pequenas flores estreladas, com aparência açucarada, que alguns comparam à cera ou à porcelana, podem apresentar a coloração branca ou levemente rosada, com o centro mais escuro, avermelhado. A flor de cera costuma exalar um delicado perfume adocicado, que se torna mais pronunciado à noite. Esta é uma característica que visa a atração de insetos noturnos, responsáveis pela realização da polinização da flor de cera. O aroma das florações, produzidas pela espécie Hoya carnosa, mimetiza alguns feromônios produzidos pelos insetos, com a finalidade de reprodução.

Embora aparentem formar uma pequena esfera, as flores de cera da Hoya carnosa organizam-se sob a forma de uma inflorescência, do tipo umbela. Todos os pecíolos das flores de cera partem de um único ponto, distribuindo-se radialmente e simetricamente, formando um pequeno bouquet em forma de guarda-chuva. As flores de cera desta suculenta costumam surgir durante os meses da primavera e verão, desde que os níveis corretos de luminosidade sejam fornecidos, como veremos a seguir.

A flor de cera é uma planta de fácil cultivo e baixa manutenção. Bastante resistente, ela é ideal para ser cultivada dentro de casas e apartamentos, já que não requer sol pleno para seu desenvolvimento e floração. Tudo o que a Hoya carnosa necessita é de um ambiente com bastante luminosidade indireta. Em interiores, um local próximo a uma janela bem iluminada é perfeito para o cultivo da flor de cera. Alternativamente, pode-se cultivá-la em jardineiras externas ou varandas abertas, desde que a planta seja protegida do sol direto, nas horas mais quentes do dia. A flor de cera pode tolerar algum sol pleno no início da manhã ou no final da tarde.


A luminosidade correta é essencial para que a Hoya carnosa floresça. Frequentemente, quando a flor de cera se recusa a aparecer, é porque está sendo cultivada em um local muito sombreado. Além disso, sob esta situação de cultivo, o crescimento da parte vegetativa da flor de cera é bastante diminuído. Um aumento nos níveis de iluminação, desde que sem sol direto, pode induzir a floração desta planta e fazê-la se desenvolver mais rapidamente. É importante, no entanto, que esta transição seja feita de forma gradual.

Outro fator bastante importante, neste quesito da floração, é a adubação. A flor de cera aprecia um solo rico em matéria orgânica. Ele pode ser composto por aquela terra adubada, que é vendida pronta em lojas especializadas e garden centers, própria para a jardinagem amadora. Além disso, este substrato pode ser enriquecido com outros compostos orgânicos, tais como compostagem, húmus de minhoca ou esterco curtido. Além do adubo orgânico misturado à terra, a flor de cera se beneficia de uma adubação química, do tipo NPK, mais rica em fósforo, própria para estimular a floração de plantas ornamentais. Existem diversas formulações deste tipo, à venda no mercado. Aqui no apartamento, eu costumo alternar fórmulas de manutenção e floração, semanalmente, utilizando metade da dose recomendada pelos fabricantes.

O vaso para o cultivo da flor de cera pode ser de plástico ou de barro, sem maiores problemas. A vantagem do plástico é que este material retém a umidade do solo por um período mais prolongado.  Além disso, por ser mais leve, é ideal para o cultivo da flor de cera na forma pendente. A Hoya carnosa não aprecia o solo demasiadamente seco. Sendo assim, as regas devem ser frequentes. O ideal é que o substrato esteja sempre levemente úmido, sem excessos. Para que esta situação seja obtida, é importante que o vaso seja preparado com uma boa camada de drenagem no fundo, que pode ser composta por brita, argila expandida ou qualquer outro tipo de pedrisco. Por cima desta camada, uma manta geotêxtil pode ser posicionada, de modo a evitar que a terra escoe pelos furos do vaso, durante as regas. Outro material que pode ser utilizado, com esta finalidade, é o filtro de café usado. Trata-se de uma maneira sustentável de reutilizar um material que seria jogado fora. Por fim, como uma regra geral no cultivo de qualquer planta ornamental, recomenda-se evitar o uso do pratinho sob o vaso, que pode aumentar a umidade em torno das raízes e causar seu apodrecimento.


No entanto, ao contrário dos cactos e plantas suculentas, em geral, a flor de cera aprecia ambientes com níveis mais elevados de umidade relativa do ar. Portanto, bandejas umidificadoras ou umidificadores de ar podem ser úteis para melhorar o cultivo da Hoya carnosa. A bandeja umidificadora consiste em um recipiente raso e largo, contendo uma camada de areia, brita ou argila expandida. Uma lâmina de água é mantida de forma permanente, no fundo deste aparato. Os vasos ficam apoiados neste material, sem que o fundo entre em contato direto com a água. Além disso, a planta se beneficia de pulverizações regulares de água, sob a forma de uma névoa fina. Este procedimento ajuda a evitar que as folhas da flor de cera sejam atacadas por ácaros, que costumam se proliferar em ambientes muito secos, situação comumente encontrada dentro de casas e apartamentos. Ao borrifar a planta com água, no entanto, as flores de cera devem ser poupadas. O excesso de umidade pode propiciar o desenvolvimento de fungos, que prejudicarão a aparência destas florações.

Como a flor de cera possui um caule pouco ramificado, com a aparência de um cipó, é preciso prestar atenção à composição do vaso, na hora de adquiri-lo ou montá-lo do zero. É importante que ele tenha um bom número de mudas justapostas, de modo que o conjunto fique mais denso. Alternativamente, pode-se ir realizando podas periódicas, plantando-se as partes cortadas no vaso original, de modo que a touceira se avolume. Quando os caules tornarem-se pendentes, o efeito será muito mais ornamental.

O replanta da flor de cera somente deve ocorrer se a planta estiver muito grande para o vaso. É normal que as raízes preencham o vaso completamente, sendo esta uma condição favorável à floração da Hoya carnosa. É importante ter em mente que o replante pode prejudicar a floração da planta, fazendo com que as flores sequem e caiam precocemente. Enquanto a flor de cera estiver com botões, é importante evitar realizar qualquer tipo de intervenção, como podas, mudanças de local e transplantes. Alterações bruscas de temperatura, correntes de vento, sol intenso, e outros fatores climáticos, podem prejudicar a floração, fazendo com que as flores caiam antes do tempo.

As podas da flor de cera visam manter a planta mais compacta, devendo ser realizadas após o término da floração. Os ramos cortados podem ser utilizados para a propagação da Hoya carnosa, através do método de estaquia. Para que o segmento cortado se enrize apropriadamente, ele deve possuir ao menos um par de folhas. São os nós presentes na região que une o pecíolo da folha ao caule que apresentam a capacidade de produzir uma nova planta. Contudo, deve-se evitar cortar os caules sem folhas, que já produziram flores anteriormente, porque estas estruturas podem florescer novamente, nos anos seguintes, sempre entre a primavera e verão.


Muito embora a flor de cera libere uma seiva leitosa, quando cortada, esta substância não é tóxica a humanos e animais. Segundo a associação americana pela prevenção contra a crueldade a animais, a flor de cera e suas variedades não causam envenenamento em cães e gatos. De fato, a Hoya carnosa consta em várias listas de plantas que podem ser cultivadas em ambientes internos, sem se constituírem em um risco para crianças e animais domésticos. Junto com a flor de cera, outras excelentes opções seguras, frequentemente cultivadas em interiores, são a samambaia havaiana, clorofito, confete, flor de maio e begônia.

Assim como diversas outras plantas ornamentais, frequentemente cultivadas em interiores, tais como o lírio da paz, Spathiphyllum wallisii, e a jiboia, Epipremnum aureum, a flor de cera, Hoya carnosa, é conhecida por sua capacidade de remover poluentes do ambiente em que se encontra, atuando como um filtro natural. Neste contexto, a flor de cera é uma excelente opção de planta para quartos, contrariando o mito de que não se deve dormir junto com estes seres vivos do reino vegetal.

Em resumo, a flor de cera, Hoya carnosa, reúne vantagens difíceis de serem concentradas em uma única espécie vegetal. A tolerância ao cultivo dentro de casas e apartamentos, a ausência de toxicidade a crianças e animais domésticos, a capacidade de eliminar poluentes do ambiente, e a beleza e diversidade de suas folhagens e florações, são elementos capazes de seduzir qualquer apreciador de plantas, especialmente aquele que não dispõe de um amplo jardim para o cultivo, situação cada vez mais rara, nos dias atuais.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil