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Orquídea Miltonia moreliana


Orquídea Miltonia moreliana
| Miltonia moreliana |

Este espetáculo de orquídea roxa, púrpura, com nuances em uva e lilás, portando um belíssimo labelo contrastante e estriado, em um rosado bem claro, está entre as minhas preferidas de todos os tempos. Quando bem cultivada, a Miltonia moreliana forma imponentes touceiras, que acabam produzindo uma explosão de cores ao florescerem. O tamanho das flores impressiona, quando comparadas à parte vegetativa. Embora cada haste produza de uma a duas flores, somente, o número elevado de pseudobulbos floridos, de forma simultânea, resulta em um conjunto impressionante. A Miltonia moreliana é uma figura carimbada em exposições de orquídeas, onde sempre encontramos um exemplar de respeito entre as premiadas.

Devido ao vai e vem que afeta a nomenclatura botânica, esta orquídea também pode ser encontrada como uma variedade pertencente a outra espécie, Miltonia spectabilis var. moreliana. A forma tipo desta espécie apresenta flores semelhantes, mas com um colorido mais suave.


O gênero Miltonia foi assim nomeado em homenagem ao Visconde de Milton, título dado ao cultivador inglês Charles Wentworth-Fitzwilliam. Esta orquídea possui uma importante ocorrência em território brasileiro, havendo também espécies que podem ser encontradas na Argentina e no Paraguai. A espécie Miltonia moreliana foi formalmente descrita em 1848 e seu habitat de origem corresponde aos estados brasileiros de Alagoas, Bahia e Espírito Santo. Também pode ser encontrada na Venezuela.

Eventualmente, tanto a Miltonia moreliana como a Miltonia spectabilis podem ser confundidas com a orquídea amor perfeito, também conhecida como Miltonia colombiana. Esta é uma espécie que ocorre em regiões de elevadas altitudes, em países como Equador e Colômbia. Para diferenciá-la das orquídeas Miltonia brasileiras, os pesquisadores decidiram que a Miltonia colombiana passasse a um novo gênero, chamado Miltoniopsis. A maioria das orquídeas deste gênero, encontradas no mercado brasileiro, é composta por exemplares híbridos muito vistosos, que de fato lembram a flor amor perfeito, encontrada em jardins.

Voltando à brasileiríssima Miltonia moreliana, esta é uma orquídea tipicamente epífita, cujas raízes estão adaptadas à vida em ausência de solo, capazes de se aderirem aos troncos das árvores das florestas tropicais. Por esta razão, a forma ideal de cultivo da Miltonia moreliana é justamente em árvores vivas, desde que os troncos não soltem a periderme, e que suas copas não sejam densas demais. Alternativamente, esta orquídea pode ser cultivada em pedaços de madeira ou troncos cortados. Neste caso, a umidade relativa do ar precisa ser elevada e as regas constantes.


É justamente para facilitar o cultivo, em condições domésticas não ideais, que os orquidófilos optam pelo plantio de orquídeas em vasos preenchidos com substratos. Este método conserva a umidade em torno das raízes por mais tempo, diminuindo a exigência de regas frequentes. Neste caso, o cuidado a ser tomado é quanto ao excesso de água. O intervalo entre as regas não é importante, o que deve ser levado em consideração é o nível de umidade no substrato. Uma nova rega só deve ser efetuada se o material estiver seco ao toque.

A Miltonia moreliana possui raízes sensíveis ao excesso de umidade por períodos prolongados. Por esta razão, os cultivadores costumam dar preferência ao vaso de barro, que é mais poroso e permite que o substrato seque mais rapidamente. Existem, inclusive, vasos de barro próprios para o cultivo de orquídeas. Eles costumam ser mais baixos e largos, com furos nas laterais. Caso a pessoa opte pelos vasos de plástico, que são mais leves e baratos, mas retêm a umidade por mais tempo, a frequência das regas deve ser diminuída.

Outro cuidado importante a ser tomado, caso a Miltonia moreliana seja cultivada em vasos, sejam eles de plástico ou de barro, é evitar o uso de pratinho embaixo. Eles tendem a acumular a água das regas e acabam favorecendo o apodrecimento das raízes. Em ambientes muito secos, inclusive dentro de casas e apartamentos, uma solução é preencher o pratinho com uma camada de brita, areia ou argila expandida. Alternativamente, pode-se usar uma bandeja preenchida com estes materiais. Os vasos com as orquídeas são acondicionados por cima, sem contato direto com a lâmina de água que se forma no fundo. Estas estruturas são chamadas de bandejas umidificadoras, humidity trays, e ajudam bastante a elevar os níveis de umidade relativa do ar em torno do ambiente de cultivo, sem encharcarem as raízes da orquídea Miltonia moreliana.


Durante o período de desenvolvimento dos pseudobulbos, as regas devem ser frequentes. No inverno e no período que antecede a floração, que ocorre no verão, recomenda-se reduzir as irrigações, de modo a manter o substrato mais seco. O mesmo princípio aplica-se à adubação da Miltonia moreliana. As fórmulas NPK de crescimento e manutenção podem ser aplicadas à orquídea durante sua fase de maturação. Já durante os três meses que antecedem a floração, convém utilizar uma formulação mais rica em fósforo, a letra do meio do NPK, para que o processo seja otimizado.

Além da adubação, outro fator crucial para que a floração da Miltonia moreliana ocorra de forma satisfatória consiste na luminosidade. Adaptada à vida sob as copas das árvores, esta orquídea não tolera o sol pleno, que pode queimar suas folhas. No entanto, para que suas flores surjam na época apropriada, o verão, é importante que a Miltonia moreliana seja cultivada sob níveis adequados de luz. Esta precisa ser abundante, mas filtrada. Para mimetizar a condição encontrada na natureza, os cultivadores recorrem a telas de sombreamento, geralmente com tramas capazes de barrar 50% da luz solar. De modo geral, as orquídeas Miltonia precisam de níveis de luminosidade semelhantes aos requeridos pela orquídea Cattleya.


A multiplicação da orquídea Miltonia moreliana ocorre facilmente, através da divisão de suas touceiras. Como os pseudobulbos se desenvolvem com bastante rapidez, torna-se fácil obter novas mudas. No entanto, é importante tomar cuidado para que, no momento do corte, cada pedaço tenha ao menos três pseudobulbos. Também vale a pena ressaltar que a parte da frente, que já está emitindo novos pseudobulbos, irá se recuperar mais rapidamente. Já a parte de trás irá depender do despertar de gemas adormecidas, para que comecem a produzir uma nova frente de crescimento.

Para quem aprecia orquídeas com flores grandes e crescimento acelerado, a Miltonia moreliana é uma excelente aquisição. Seu cultivo, aqui no Brasil, é muito mais tranquilo do que o de suas aparentadas colombianas, que apreciam climas mais frios. Trata-se de uma orquídea belíssima, de colorido espetacular, que irá brilhar na coleção de qualquer amante de orquídeas.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil