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Orquídea Dendrobium purpureum


Orquídea Dendrobium purpureum album
| Dendrobium purpureum album |

A orquídea que não se parece com uma orquidácea. Esta é a impressão que muitos têm, ao se depararem com o Dendrobium purpureum album e suas magníficas inflorescências em forma de delicados pompons brancos. Sem flores, no entanto, esta orquídea tem o aspecto vegetativo clássico de muitas espécies do gênero Dendrobium, com longos e finos pseudobulbos em forma de cana, que vão perdendo as folhas com o tempo e tornam-se levemente enrugados, como se estivessem mortos. O Dendrobium purpureum, particularmente, fica com estas estruturas em um interessante colorido branco acinzentado, com um aspecto bastante outonal e ornamental.

A orquídea Dendrobium purpureum é nativa das Ilhas Fiji, Moluccas, Sulawesi e Nova Guiné. Seu habitat é caracterizado por úmidas florestas localizadas tanto em regiões costeiras como montanhosas. Foi descrita pela primeira vez por William Roxburgh, em 1832. A frenética e controversa mudança de nomenclatura que ocorre a todo momento na família das orquídeas faz com que este Dendrobium também atenda pelo nome Pedilonum purpureum. No entanto, ainda nunca vi algum utilizar esta denominação.

Orquídea Dendrobium purpureum album
Dendrobium purpureum album

As flores do Dendrobium purpureum surgem a partir de gemas localizadas ao longo dos pseudobulbos, justamente nas regiões que conectam os diversos segmentos, e que anteriormente eram os pontos de inserção das folhas. Em um primeiro momento, estas estruturas aparentam serem keikis, brotos que costumam surgir em diversos representantes do gênero Dendrobium. No entanto, com o passar do tempo, os pequenos tufos verdes de aparência arrepiada vão se desenvolvendo e revelando delicados botões florais.

Orquídea Dendrobium purpureum album
Dendrobium purpureum album

De uma maneira geral, tanto no reino animal como vegetal, as formas albinas das espécies consideradas tipo são mais raras. No caso desta orquídea, como o próprio nome da espécie já indica, a forma tipo apresenta flores na coloração púrpura. No entanto, por uma razão que desconheço, é muito mais fácil encontrar a forma albina, aqui no Brasil. Trata-se do Dendrobium purpureum album que é representado nas fotos que ilustram este artigo. A espécie não é muito comum nas coleções. Eu tive bastante dificuldade para encontrar este exemplar album. No entanto, a forma púrpura eu nunca vi, em lugar algum.


À primeira vista, cada pompom branco parece ser uma flor. No entanto, trata-se de uma inflorescência, composta por centenas de minúsculas flores em forma de trombeta, densamente imbricadas, formando uma semi-esfera. Sendo assim, o Dendrobium purpureum poderia ser classificado como uma micro orquídea, dado o tamanho diminuto de suas flores.  No entanto, ninguém se refere a esta orquídea como tal, muito provavelmente devido ao tamanho avantajado de seus pseudobulbos, que podem atingir grandes proporções, tanto em altura como em volume da touceira.

Orquídea Dendrobium purpureum album
Dendrobium purpureum album

O desenvolvimento é rápido, uma vez que vários novos brotos são emitidos simultaneamente. Infelizmente, esta é uma orquídea que emite poucos keikis, ao longo da vida, de tal forma que as chances de multiplicação do Dendrobium purpureum ficam restritas à simples divisão das touceiras. Além disso, como já mencionamos em um artigo aqui no blog, a propagação de orquídeas através de sementes é um processo bastante minucioso, técnico e demorado.

Trata-se de uma orquídea bastante resistente, que pode florescer em qualquer época do ano. Aqui no apartamento, em São Paulo, o Dendrobium purpureum costuma florescer durante os primeiros cinco meses do ano, entre janeiro e maio, na transição entre verão e outono. Embora o cultivo da parte vegetativa seja fácil, fazê-lo florescer costuma ser um desafio. Esta é uma orquídea que aprecia bastante umidade durante a fase de crescimento, necessitando de uma pequena redução nas regas durante o inverno.


Este método é denominado stress hídrico. Quando as temperaturas começam a baixar, no outono, as regas devem ser reduzidas, assim como a adubação. Desta forma, enviamos um sinal fisiológico ao Dendrobium purpureum, de modo que sua floração seja estimulada. Durante as demais estações do ano, convém aplicar um adubo do tipo NPK, com um maior teor de fósforo, a letra P do NPK. Existem formulações próprias para o cultivo de orquídeas, de diferentes marcas. Eu costumo alternar fórmulas para manutenção e floração, semanalmente.

Orquídea Dendrobium purpureum album
Dendrobium purpureum album

O vaso para o cultivo do Dendrobium purpureum pode ser de barro ou de plástico. Eu costumo usar a opção de plástico, uma vez que ela retém a umidade por mais tempo. No meu caso, como venta muito na varanda, além de ser muito quente, este material facilita meu cultivo. Em ambientes mais amenos, com bons níveis de umidade relativa do ar, o vaso de barro pode ser utilizado, já que é mais poroso e permite que o substrato seque mais rapidamente, além de proporcionar um melhor arejamento das raízes.

Como orquídea de hábito epífito, o Dendrobium purpureum precisa ser cultivado em um substrato bem arejado e drenável. Existem misturas à base de casca de pinus, carvão vegetal e fibra de coco, à venda em lojas especializadas. O meu exemplar vive em um vaso preenchido com este substrato, há vários anos, sem maiores problemas. A troca de vaso somente deve ocorrer quando o material estiver muito velho, entrando em decomposição, ou quando a orquídea começa a sair do vaso, devido ao adensamento da touceira.


A luminosidade para uma boa floração do Dendrobium purpureum deve ser intensa, porém indireta. O ideal é que os raios solares sejam filtrados por uma tela de sombreamento, preferivelmente capaz de reter 50% da luz incidente. O sol do início da manhã e do final da tarde também pode ajudar a estimular a floração. Apesar de todos os cuidados com as regas, stress hídrico, adubação e floração, há anos em que este Dendrobium se recusa a florescer. Trata-se de uma planta meio temperamental, ao menos sob o meu cultivo. O lado positivo desta birra é que, no ano seguinte, com muito mais pseudobulbos, a floração se torna ainda mais espetacular.

Orquídea Dendrobium purpureum album
Dendrobium purpureum album

O interessante é que, mesmo que um pseudobulbo já tenha produzido flores, ele poderá voltar a fazê-lo, no ano seguinte, a partir de outras gemas adormecidas. Portanto, por mais seca e encarquilhada que esta estrutura esteja, cheia de bainhas brancas ressecadas, não devemos cortá-las. Há sempre a possibilidade de surpresas, em termos de florações.


Devo ter tirado mais de uma centena de fotos desta pobre orquídea. Praticamente todos os dias eu a fotografava, já que as mudanças eram nítidas em curtos intervalos de tempo. À medida que as flores desabrochavam, contudo, tornava-se cada vez mais difícil capturar as imagens.

Infelizmente, as flores do Dendrobium purpureum album ficam abertas por pouco tempo, simultaneamente. Se esperarmos demais para fotografar a inflorescência completamente aberta, veremos que as primeiras flores que desabrocharam já estão secando, ao passo que os últimos botões florais ainda estão fechados. 

Orquídea Dendrobium purpureum album
Dendrobium purpureum album

Ainda assim, o processo todo é um espetáculo. Trata-se de uma das florações mais ornamentais que já presenciei, não somente pelo exotismo, mas também pela delicadeza do conjunto. Existem vários outros representantes de Dendrobium que produzem florações desta forma, em diferentes cores, tais como púrpura, rosado ou laranja. Embora sejam orquídeas consideradas de difícil cultivo, é impossível resistir à tentação de colecioná-las.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil