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Orquídea Sophronitis cernua


Orquídea Sophronitis cernua
| Sophronitis cernua |

Esta pequena orquídea alaranjada, de nome científico Sophronitis cernua, é bastante pontual. Todo final de verão, começo de outono, ela dá início aos preparativos para uma bela floração, a cada ano mais abundante. Durante a época em que não está florida, ela se dedica ao crescimento vegetativo, emitindo novos pseudobulbos. Estas estruturas se esparramam pelo substrato, criando uma touceira de grandes proporções, em forma de tapete. Quando a floração acontece, o conjunto todo nos proporciona um espetáculo memorável.

O exuberante bouquet da foto é apenas uma pequena parte das flores que esta orquídea produziu nesta estação. Infelizmente, nem todos os pseudobulbos florescem de maneira concomitante. No momento, por exemplo, enquanto algumas flores começam a murchar, outros botões iniciam o desabrochar. Na imagem acima, temos quinze flores, concentradas em apenas dois pseudobulbos. Muito embora a Sophronitis cernua seja a espécie que produz as menores flores, este quesito é compensado pela abundância. Dentre as orquídeas do gênero Sophronitis, esta é a mais generosa quanto ao número de flores.

Orquídea Sophronitis cernua
Sophronitis cernua

Estas florações, no entanto, em nada se assemelham às clássicas orquídeas vermelhas, representadas pela icônica Sophronitis coccinea, já mostrada aqui no blog. As flores da Sophronitis cernua, estrela do artigo de hoje, também são bastante diferentes das grandes florações pink produzidas pela Sophronitis wittigiana, outra parente próxima. Outro híbrido famoso, a Sophronitis Arizona, também apresenta flores muito maiores e geralmente solitárias, quando comparadas à espécie cernua. Embora a Sophronitis cernua seja assim conhecida desde o século XIX, atualmente há quem diga que nem Sophronitis ela é mais.


A Sophronitis cernua é uma orquídea presente em vários estados do território brasileiro. Há relatos de que também ocorra na Bolívia e no Paraguai. No Brasil, sua ocorrência concentra-se na região sudeste. Descoberta em 1828, nas imediações da cidade do Rio de Janeiro, esta espécie foi utilizada por Lindley para descrever todo o gênero Sophronitis. Atualmente, há quem a considere parte do gênero Cattleya, sendo assim classificada como Cattleya cernua. Não consigo me acostumar e percebo que muitos orquidófilos continuam utilizando a nomenclatura clássica.

Micro-orquídea Sophronitis cernua
Sophronitis cernua

A Sophronitis cernua é uma orquídea que aprecia elevados níveis de umidade relativa do ar em seu ambiente de cultivo, de forma similar à condição em que se encontra em seu habitat de origem. Por esta razão, é tão complicado cuidar desta micro orquídea em apartamentos ou em interiores de modo geral. O ambiente urbano em que vivemos, notadamente os cômodos de nossas casas, costumam apresentar um ressecamento mais acentuado do ar. A falta de ventilação também é outro entrave para o cultivo de orquídeas como a Sophronitis cernua.

Existem alguns artifícios que ajudam a elevar os níveis de umidade relativa do ar, em ambientes internos. O uso de fontes de água, próximas ao local de cultivo das orquídeas, ajuda neste quesito. Alternativamente, pode-se fazer uso das bandejas umidificadoras. Qualquer recipiente raso pode ser utilizado, até mesmo o pratinho. Contudo, ele deve contar uma camada de areia, pedrisco ou brita. A lâmina de água fica no fundo e o vaso vai por cima deste sistema. Não há contato direto da água com as raízes da Sophronitis cernua.


Embora apreciem umidade no ambiente, as orquídeas detestam ficar com os pés molhados por muito tempo. Por isso, é fundamental evitar o uso de pratinhos sob o vaso, que acumulam a água das regas. Estas devem ser espaçadas e somente realizadas quando o substrato estiver bem seco. Como orquídea epífita, o ideal é que a Sophronitis cernua seja cultivada em pedaços de madeira ou troncos de árvore. Nestes casos, as regas precisam ser mais frequentes.


Orquídea Sophronitis cernua
Sophronitis cernua

Credito esta floração recorde a dois fatos inéditos no cultivo desta orquídea. Tivemos um verão bastante intenso, com altas temperaturas e um sol escaldante. Para piorar, esqueci-me de colocar a tela de sombreamento, em algumas tardes quentes. Como resultado, quase matei a Sophronitis cernua, que ficou com algumas folhas e pseudobulbos queimados. Imagino que este acidente possa ter contribuído para o aumento na quantidade de flores, neste ano, já que a luminosidade é um fator importante neste processo.


Além disso, passei a adubar as orquídeas com um fertilizante mais rico em fósforo, alternando com o tradicional adubo para manutenção. Dou preferência às fórmulas específicas para o cultivo de orquídeas, disponíveis no mercado, independentemente da marca. Utilizo adubos do tipo NPK, com macro e micronutrientes. Evito os adubos orgânicos, que precisam sofrer um processo de decomposição, para que os elementos químicos sejam disponibilizados às raízes das orquídeas. No meu caso, como cultivo orquídeas em apartamento, procuro evitar este material apodrecendo, que libera odores desagradáveis e atrai insetos indesejados.


A Sophronitis cernua responde muito bem quando cultivada em pedaços de madeira ou troncos de árvores. No entanto, as condições climáticas precisam ser ideais e o cuidado mais intenso, com regas mais frequentes. Para contornar este problema, utilizo cones de barro, vasos invertidos capazes de armazenar água em seu interior. A orquídea é afixada na parte externa, sendo mantida constantemente úmida, sem que suas raízes fiquem encharcadas. Alternativamente, a utilização de musgo sphagnum e vasos de plástico ajudam a manter a umidade necessária no cultivo desta orquídea.


Toda vez que esta orquídea floresce aqui no apartamento, lembro-me de quão milagroso é este acontecimento. Típica habitante das árvores nativas da úmida Mata Atlântica, principalmente do sudeste brasileiro, esta Sophronitis cernua consegue sobreviver e produzir flores em uma minúscula e árida sacada de concreto, encarapitada no décimo andar de um prédio, em uma cidade cinzenta como São Paulo.

É bem verdade que a orquídea Sophronitis cernua, por incrível que possa parecer, já fez parte da paisagem do Parque Tenente Siqueira Campos, mais conhecido como Trianon, na Avenida Paulista, a poucos quilômetros daqui. Isto porque as árvores deste famoso parque são remanescentes da Mata Atlântica, representantes de espécies nativas que foram preservadas desde a época do descobrimento do país. E se a Sophronitis cernua consegue morar aqui no apartamento, quem sabe não possa, um dia, retornar às árvores centenárias do Parque Trianon, seu lar original?

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil